Prefácio
A presente obra vem se somar à série de livros de oração judaica sintonizados com a realidade na qual vive a comunidade judaica brasileira.
Tal qual o Sidur Completo Sefaradi e os Machzorim de Rosh Hashaná e Iom Kipúr, ela visa propiciar ao público a possibilidade de se integrar ativamente aos serviços religiosos nas sinagogas, mesmo aos não letrados no hebraico.
O texto hebraico foi editado por nós numa fonte desenvolvida especialmente para as obras da Editora Sêfer, que permite assinalar várias nuances da gramática hebraica - como a diferenciação gráfica das vogais shevá ná e shevá nach e quando o símbolo camáts tem o som vogal de A ou O -, de modo a permitir uma leitura precisa e correta das rezas.
A tradução das tocantes súplicas que compõem esta obra intencionam avivar os sentimentos dos que vierem a declamá-las. Textos difíceis até para quem conhece bem o idioma hebraico, escondem dentro de si profundos pensamentos e lições de humildade, que pregam que purguemos de nós a arrogância e a altivez, assumamos responsabilidade pelos atos que praticamos e busquemos aperfeiçoar nossa conduta, tanto em relação ao Eterno, que nos cobre de bênçãos mas que, ingratamente, não reconhecemos, quanto no trato com nossos semelhantes, cuja conduta exigida é a de "fazer caridade e justiça".
Cabe esclarecer que não foi priorizado o paralelismo exato e rigoroso entre os três tipos de textos - em hebraico, em português e os transliterados -, optando-se por um meio-termo que mantivesse o caráter didático e a melhor fluência dos mesmos.
Outrossim, os textos em português seguem os padrões do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em vigência a partir de 2009.
Somos imensamente gratos a todos que vêm nos apoiando e incentivando para a criação e produção destes livros, e pedimos ao Todo-Poderoso que os abençoe e os recompense.
Não obstante e humildemente, pedimos que não seja imputado a terceiros os eventuais erros e incorreções deste trabalho, pois estes são de nossa total responsabilidade, mesmo os inconscientes.
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Poética e espiritualmente, os "portões do arrependimento" passam a estar abertos e acessíveis a partir do mês que antecede as Grandes Festas - Rosh Hashaná (Ano Novo) e Iom Kipúr (Dia do Perdão), quando cada um de nós será "julgado" e solicitado a prestar contas sobre a forma como leva a sua vida. O simbolismo disso é que nos é dado um período de tempo generoso para revermos as nossas ações e avaliá-las de acordo com o nosso próprio senso de justiça antes de nos apresentarmos perante o verdadeiro Juiz da humanidade.
As preces aqui contidas podem nos ajudar a examinar os nossos conceitos e, quem sabe, nos apontar onde falhamos e nos desviamos da vereda do bem. De fato, depende apenas de nós e do nosso senso crítico a decisão de retornar aos bons costumes.
Que o Misericordioso nos dê inspiração, coragem e força de vontade de implementá-la e, assim, nos faça retornar a Ele e Ele para nós, para que logremos ser inscritos e selados no Livro do Perdão, da Vida e da Redenção, Amen.
Modiín, Maio de 2024, Iyar de 5784.
JAIRO FRIDLIN