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  • Medicina, Judaísmo e Humanismo

Medicina, Judaísmo e Humanismo

Autor: Auro del Giglio
Editora: Sêfer
SKU: 4867
Páginas: 128
Avaliação geral:

Analisa, com prudência e elegância, as causas da atual relação médico-paciente, trazendo conceitos e citações filosóficas numa linguagem fácil e agradável. O leitor terá a satisfação de rever conceitos relevantes do dia a dia da prática médica, e identificar a genial figura médica e humanista do autor. Depois, mostra as preocupações do judaísmo com a saúde e os cuidados médicos na terminalidade da vida e sua postura em relação à Eutanásia.

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Descrição

Analisa, com prudência e elegância, as causas da atual relação médico-paciente, trazendo para o leitor conceitos e citações filosóficas numa linguagem fácil e agradável.
O leitor terá a satisfação de rever conceitos relevantes do dia a dia da prática médica, assim como terá a oportunidade de identificar a genial figura médica e humanista do autor.

Depois, mostra as preocupações do judaísmo com a saúde e os cuidados médicos na terminalidade da vida em pacientes portadores de câncer sob a ótica de grandes talmudistas e eruditos, e a postura do judaísmo e da Ciência em relação à Eutanásia.
Traz ainda a contribuição de Maimônides à Medicina e destaca sua sólida formação humanista, judaica e laica.


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Livros do autor publicados pela Editora Sêfer:

Iniciação ao Talmud - disponível também no formato e-Book
Iniciação ao Estudo da Torá - disponível também no formato e-Book
Medicina, Judaísmo e Humanismo - disponível também no formato e-Book
Medicina e Judaísmo: Encontro e Sinergia
A Milenar Sobrevivência do Judaísmo


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APRESENTAÇÃO

Medicina, Judaísmo e Humanismo são três palavras que se combinaram muito cedo na história do Brasil. Fugindo da Inquisição em Portugal, um dos primeiros judeus que buscou abrigo em nossa terra foi o médico Jorge de Valadares, empossado em 1549 no cargo de físico-mor da cidade de Salvador, então sede do Governo Geral. A partir dessa data, segundo pesquisas históricas consistentes, foram judeus ou cristãos-novos (convertidos) quase todos os médicos que atuaram no Brasil, do século XVI até meados do século XVIII.

Herdeira de séculos de expressivas contribuições à medicina brasileira, a comunidade judaica de São Paulo decidiu, na década de 1950, oferecer à cidade uma instituição hospitalar que a honrasse com a excelência de seus serviços. Sob a liderança do urologista Manoel Tabacow Hidal, assim nasceu, no dia 20 de setembro de 1955, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein (SBIBHAE). Quatro valores tradicionais da cultura judaica inspiraram sua criação: Refuá (Saúde), Chinuch (Educação), Mitzvot (Boas Ações) e Tsedaká (Solidariedade).

Hoje, a SBIBHAE orgulha-se de possuir o mais avançado hospital da América Latina; um Instituto de Ensino e Pesquisa com atuação de vanguarda nos mais modernos campos da investigação médico-científica; e um Instituto de Responsabilidade Social que, entre outras ações, responde pela promoção e manutenção da saúde de mais de 10 mil famílias carentes de São Paulo. Mas não abriu mão dos quatro valores que nortearam sua fundação. Integrando medicina, judaísmo e humanismo, a SBIBHAE é um exemplo prático da síntese que Auro del Giglio tão brilhantemente investiga neste livro. Estou certo de que suas reflexões enriquecerão ainda mais a prática cotidiana de nossos profissionais - judeus ou não.

Claudio Luiz Lottenberg
Presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein

Índice e trechos

ÍNDICE

Prefácio 
Introdução

PRIMEIRA PARTE - MEDICINA E HUMANISMO
1 - Relação médico-paciente sob uma perspectiva dialógica
2 - Medicina baseada na pessoa 
3 - Nascimento de uma medicina científica 
4 - Medicina baseada em evidência
5 - Como raciocinam os clínicos 
6 - História da Oncologia 
7 - William Osler
8 - Educar à beira do leito 
9 - A síndrome da exaustão ("burn out") 


SEGUNDA PARTE - MEDICINA E JUDAÍSMO
1 - Medicina e Judaísmo 
2 - Cuidados com o paciente terminal com câncer
3 - A eutanásia é desumana 
4 - O Rabino Hirsch e seu tempo 
5 - Maimônides, o Médico 
6 - Fé e Ciência: um desafio para o judaísmo moderno

 

*   *   *

 

INTRODUÇÃO

 

Vivemos numa época dominada pela tecnologia. De fato, os inegáveis avanços científicos da Medicina moderna conseguiram mudar o espectro de incurabilidade associado a várias doenças, que antes dizimavam inúmeros pacientes, e nos transferiram para uma época de irrestrito otimismo no poder da ciência para o tratamento de diversas enfermidades.

Quando colocamos em perspectiva o papel do médico em relação a esta Medicina cada vez mais tecnológica e, ao mesmo tempo, distante de seus pacientes, percebemos que ele se situa no cerne deste dinâmico relacionamento entre a arte do exercício desta profissão milenar e a ciência que a direciona cada vez mais para o domínio da objetividade. Nesta posição intermediária entre arte e ciência, tão bem equacionada por William Osler, quando dizia que a "Medicina é uma arte baseada na ciência", surge a necessidade de se estabelecer um equilíbrio que privilegie uma atitude humanística do médico em relação ao doente. Tal atitude deve ser pautada, simultaneamente, por considerações científicas pertinentes que lhe permitam dar ao mesmo doente o que há de mais atual e adequado para o tratamento de sua enfermidade. 

Uma atitude científica exclusiva não satisfaz plenamente o paciente. O ser fragilizado pelos sintomas de uma enfermidade procura no médico também um apoio que transcende a veiculação do que é tecnicamente mais adequado para o seu tratamento. Ele espera ser visto pelo médico como um ser humano que dele agora depende para readquirir o seu bem-estar físico ameaçado pela doença. Urge, portanto, que os médicos se reaproximem - mesmo neste contexto de justificada glorificação do científico - do humanismo que sempre acompanhou a prática médica. É fundamental que se entenda que a Medicina é apenas uma ferramenta que nos permite reinserir o ser humano em seu meio, maximizando suas possibilidades de atingir a felicidade no seio de sua família e da sociedade e de acordo com seus valores. Entretanto, o sucesso desta empreitada só poderá ser plenamente avaliado se associarmos aos parâmetros objetivos de sucesso terapêutico uma apreciação global do que se conseguiu para este paciente do ponto de vista familiar e social, e subjetivamente de acordo com os próprios valores deste doente. Isto só pode ser conseguido se o médico cultivar uma visão humanística que complemente sua visão científica mais objetiva. 

Além de uma mais plena satisfação do doente em ser visto pelo médico de maneira mais global e não apenas como portador de um órgão doente, uma visão humanística é extremamente útil para o médico por várias razões. O humanismo constitui um antídoto à exaustão no cuidado de seus pacientes, permitindo-lhe revigorar no dia a dia sua motivação para se manter no exercício de sua profissão. Além disso, uma visão humanística aprimora suas habilidades de relacionamento interpessoal com pacientes, colegas, demais membros do time de profissionais da saúde e seus próprios familiares, além de intensificar sua capacidade reflexiva tão útil para entender o relacionamento da Medicina com outras vertentes, como a filosofia e a religião.

Diante deste cenário, o Judaísmo tem muito a acrescentar. Precursor de um profundo respeito à vida, o Judaísmo reconheceu desde os seus primórdios a profissão médica como potencialmente separada do ministério religioso, mesmo antes que Hipócrates procedesse com esta divisão na Grécia antiga. Mesmo que, hoje, não mais se possa falar em uma Medicina judaica, já que desde o fim da Antiguidade e início da Idade Média os médicos judeus passaram a exercer a Medicina hipocrático-galênica, o Judaísmo tem muito a contribuir até os dias de hoje em relação a uma visão humanística, rica para a prática da Medicina. Desde implicações bioéticas pautadas pelo profundo respeito à vida, passando pela valorização de um pleno relacionamento interpessoal até o preenchimento de lacunas espirituais presentes em cada um de nós, ao nos transmitir um senso de propósito maior, o Judaísmo é extremamente atual como manancial inesgotável de suporte moral e espiritual para o médico.

Neste pequeno livro, reuni alguns ensaios, muitos dos quais já publicados em várias revistas e livros. Temas como relação médico-paciente, raciocínio clínico, Medicina baseada em evidência, educação médica e Medicina baseada na pessoa procuram embasar filosoficamente a uma prática mais humana da Medicina e estendê-la a um universo técnico cada vez mais reducionista. Para abordar a relação médico-paciente e a Medicina centrada na pessoa, baseio-me principalmente na filosofia dialógica de Martin Buber, filósofo existencialista que, a meu ver, foi influenciado pela cosmovisão judaica. Inseri também uma pequena introdução ao pensamento do grande clínico e professor William Osler que soube integrar de forma excepcional o humanismo à prática da Medicina. Há ainda nesta primeira parte, uma breve reflexão sobre a história da oncologia, minha especialidade, e um pequeno discurso que proferi para meus alunos sobre o nascimento da Medicina científica, para demonstrar a importância do conhecimento histórico para contextualizar a prática atual da Medicina. Finalizando esta sessão do livro, há um artigo sobre exaustão médica (?burn out?) para a qual o estímulo à espiritualidade e ao humanismo é um de seus mais eficazes antídotos. 

Na segunda parte, modelos de como integrar uma vivência genuinamente judaica à vida atual propiciado pelo rabino Hirsch e de como praticar a Medicina no contexto do Judaísmo como o fez Maimônides aparecem na forma de pequenos ensaios que visam sintetizar as contribuições destes luminares da Medicina e do Judaísmo. 

Do ponto de vista de como o Judaísmo se relaciona com a Medicina, este livro conta com um ensaio inédito seguido de um outro sobre como se deve, segundo o Judaísmo, tratar de pacientes terminais, além de uma reflexão sobre a eutanásia. Estes artigos procuram reiterar a atualidade do Judaísmo milenar para responder a delicadas perguntas que surgem atualmente no campo da Medicina.

Pedimos desde já desculpas ao leitor por inevitáveis e eventuais redundâncias que são inevitáveis em um livro composto de ensaios escritos em diferentes épocas e que, muitas vezes, podem simultaneamente se referir a assuntos ou opiniões semelhantes.

Agradeço a meu editor, professor Jairo Fridlin, todo o apoio que recebi na confecção deste e dos outros livros que escrevi pela Editora Sêfer. 

Esperamos que este livro estimule o leitor a refletir por si acerca das questões que lhes sejam relevantes e lhe motive a também buscar no Judaísmo respaldo para suas dúvidas. Obviamente a busca de respostas no universo do conhecimento judaico deve sempre ser orientada por um rabino competente para orientar-nos neste caminho eterno. 

 

Auro del Giglio

Prefácio

PREFÁCIO

Nas últimas décadas, doenças fatais do passado se tornaram curáveis. Doentes considerados totalmente desabilitados foram reintegrados à vida e ao convívio social. Tudo graças ao extraordinário avanço da tecnologia de ponta, aperfeiçoamento dos métodos diagnósticos e formas de terapia. O avanço no conhecimento da Biologia celular e molecular e da genética mudou completamente a perspectiva de nossas vidas.

Resta saber se a sociedade, como um todo, tem a mesma admiração pelos médicos como tem pelo modernismo da medicina, principalmente no que tange à relação médico-paciente. O declínio do respeito aos médicos se deve ao modelo reducionista instilado nos estudantes nos bancos acadêmicos onde aprendem a ver o ser humano como uma complexa usina bioquímica, às vezes depositário de órgãos disfuncionais, que reagem a algumas aplicações técnicas. A nosso ver, a medicina perdeu o rumo, senão a alma.

O pacto milenar entre médico e paciente desapareceu, salvo poucas e honrosas exceções.

Sim. A arte de "ouvir" o paciente foi superada pela tecnologia. Não se vê mais o "doente", mas sim a fragmentação do corpo humano entendido como doença tal e qual. Os pacientes se vêem maravilhados com o poder da tecnologia,mas lamentam a relação médico-paciente perdida.

Em sentidas palavras escreveu o ensaísta Anatole Broyard, vitimado pelo câncer de próstata (The New York Times Magazine, 26/08/1990): 

"Eu não tomaria muito tempo do meu médico; desejaria apenas que pensasse sobre minha situação. Talvez por uns cinco minutos, e que por um breve tempo se vinculasse a mim, esquadrinhando-me a alma tão bem como o meu corpo, para entender o meu mal. Assim como examina os meus exames de sangue e dos ossos, gostaria que meu médico me examinasse considerando o meu espírito tanto quanto a minha próstata. Caso contrário, não sou mais que uma doença."
 
O livro do Professor Auro del Giglio é de uma clareza cristalina, não faz críticas ao status  quo. Analisa, com prudência e elegância, as causas da atual relação médico-paciente, trazendo para o leitor conceitos e citações filosóficas numa linguagem fácil e agradável, que nos enche de esperança de que, um dia, voltaremos a ser mais humanos.

Basicamente, o livro é apresentado em duas partes - Medicina e Humanismo e Medicina e Judaísmo, subdivididos em vários tópicos.

A relação médico-paciente é ricamente discutida sob a luz e os conceitos de grandes mestres, como William Osler ("A prática da medicina é uma arte, não um negócio...").

A relação Eu-Tu, de Martin Buber, é abordada plenamente, e a importância do sofrimento do paciente frente a postura médica é enfatizada.

Discorre com propriedade sobre a medicina baseada em evidência e seu valor prático, para fugir um pouco do "Trialismo".

É relevante a citação de Cardarelli (1922): "As teorias podem morrer, podem mudar, mas a observação não morre jamais", o que, segundo Auro, se constitui em ferramenta jamais superada.

A Oncologia (do passado ao futuro) é apresentada com detalhes, indicando as mais recentes descobertas, tais como anticorpos monoclonais - o anti CD 20 para tratamento de linfomas -, e delineia as perspectivas futuras. É notável a grande admiração do autor pelo mestre William Osler. O leitor encontrará no livro uma grande fonte referencial dele e de outros grandes mestres da medicina.

Auro apresenta o conceito de exaustão ("burn out"), tão frequente entre os oncologistas, e suas prováveis causas e implicações.

A segunda parte - Medicina e Judaísmo - é o ponto alto da obra. Nela, Auro insere a influência do Judaísmo, fazendo um link com a medicina Hiporática (500 AEC), mostrando as preocupações do Judaísmo com a saúde desde os tempos bíblicos ao citar que, das 613 obrigações a serem cumpridas no Judaísmo, 213 se relacionam à saúde. Mas o grande destaque é a dissertação sobre os cuidados médicos na terminalidade da vida em pacientes portadores de câncer sob a ótica de grandes talmudistas e eruditos, tais como o Rabino Moshe Feinstein, as condutas adequadas e/ou não permitidas, e nos traz finalmente à postura do Judaísmo e da Ciência em relação à Eutanásia (salvo raras exceções).

A contribuição de Maimônides à medicina é um ponto marcante nesta obra, onde Auro destaca sua sólida formação humanista, judaica e laica
Enfim, podemos dizer, com certeza, que este livro atingirá seus objetivos e o leitor terá a satisfação de rever conceitos relevantes do dia a dia da prática médica, assim como a oportunidade de identificar a genial figura médica e humanista do autor. 

Prof. Dr. Abraham Pfeferman
Professor Adjunto de Clínica Médica e Cardiologia da Escola Paulista de Medicina/UNIFESP, e cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Sobre o autor

Auro del Giglio é médico formado em 1985 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especializou-se em Medicina Interna de 1986 a 1989 pela University of Miami e em Hematologia e Oncologia Clínica pelo Baylor College of Medicine e pela University of Texas MD Anderson Cancer Center, respectivamente, de 1989 a 1992. É certificado pelo American Boards of Internal Medicine, Medical Oncology e Hematology. Retornou ao Brasil em 1992 como assistente da disciplina de Hematologia da FMUSP, instituição em que obteve o Doutorado em 1994 e a Livre-Docência em 2000.

Desde 1996 é Professor Titular de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da Fundação ABC. Escreveu cerca de 10 livros e 200 artigos científicos em periódicos indexados. Orientou cerca de 30 alunos de Mestrado e Doutorado. Recebeu vários prêmios, é Fellow do American College of Physicians, membro de várias Sociedades Médicas (ASH, ASCO, ACP, SBOC) e editor-chefe do Brazilian Journal of Oncology.

Versão Epub

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Avaliação dos Clientes

    • impressionante
    • 05 de março de 2024
  • Vagner
  • recomendo este produto
  • Fiquei impressionado com o conteúdo altamente esclarecedor desse livro. Parabéns ao autor e à editora. Não é comum encontrar tamanha erudição numa só obra. Especialistas e leigos têm muito a aprender com o judaísmo e seus mestres.