Com Mais de uma luz, o grande romancista Amós Oz se confirma também como um dos mais poderosos ensaístas da atualidade. O livro reúne três ensaios: no primeiro, Oz revê e amplia seu artigo clássico, "Como curar um fanático", argumentando em defesa da controvérsia e da diferença. Afinal, um fanático nunca entra num debate: se ele considera que algo é ruim, seu dever é liquidar imediatamente aquela abominação. No segundo ensaio, inspirado no livro Os judeus e as palavras, o autor tece uma belíssima reflexão sobre o judaísmo como eterno jogo de interpretação, reinterpretação, contra interpretação. A fé nada teria a ver com a ideia de verdades eternas ou absolutas; o judaísmo, para Oz, é justamente a cultura do questionamento - e do debate. O texto final discute a candente questão da convivência em uma das regiões mais disputadas do mundo. Oz propõe um diálogo com a esquerda pacifista, sugerindo que se abandone o sonho de um estado binacional como solução para os conflitos entre Israel e Palestina - a saída, para ele, estaria na existência de dois estados nacionais diferentes.