CAMINHOS DE LEITE E MEL
1492. Ano em que a Inquisição expulsou os judeus da Espanha, sob a liderança dos reis católicos Fernando e Isabel. No mesmo ano, uma Torá foi redigida na Espanha. Esse é o mote de uma aventura de fugas, perseguições, principalmente de viagens de uma família. A saga da linhagem Castile, desde o século XV até os nossos dias, é narrada com detalhes dramáticos e, por vezes, em tom bem-humorado.
O mar Mediterrâneo foi uma das principais vias que os judeus se utilizaram para seus deslocamentos. Desde a destruição do Templo de Jerusalém, os judeus partiram para uma diáspora. Alguns para a Península Ibérica e outros países da Europa. Da Espanha inquisitorial rumaram em direção da Turquia, Grécia, norte da África. Da Turquia emigraram para a América. E sempre pelo Mediterrâneo. A narrativa de Caminhos de leite e mel traz, com detalhes, todos esses percalços vividos e sofridos pelo povo judeu. O livro mostra como era a vida na Espanha em 1492 e na Turquia no início do século XVI; como viviam os judeus sefaradis na Turquia nos primórdios do século passado e como era a Porto Alegre a partir de 1900.
Também fatos históricos, como o descobrimento da América por Cristóvão Colombo, constituem um capítulo particular na narrativa. Usos e costumes judaicos narrados de modo a dar ao leitor a oportunidade de conhecer e de se inteirar como viviam e como vivem os judeus sefaradis. Ditos populares, canções, culinária também surgem nas páginas dessa saga. A Torá ficcional de 1492 igualmente tem um atrativo especial na história. Saindo da Espanha, numa das esquadras de Cristóvão Colombo, ela toma direções complicadas e intrincadas, sendo perdida algumas vezes e, em outras oportunidades, roubada. Mas, com tenacidade, ela vai sobrevivendo a todos esses percalços. Fatos reais são detalhados com fidelidade e pessoas famosas se mesclam com a ficção.
Porto Alegre, num tópico exclusivo, é mostrado com minudências desde a chegada das primeiras famílias sefaraditas, estabelecendo-se no centro da cidade, com diversas lojas de tecidos na Rua dos Andradas e, por coincidência, no lado ímpar daquela via. Os judeus sobreviveram a tragédias e aniquilações que, de acordo, com as leis naturais, não poderiam suportar. Sobreviveram porque mantiveram seus princípios, sua tradição e sua história.