É necessário que o seu navegador tenha o suporte a javascript habilitado para navegar neste site. O judeu que era padre
  • 00 item(s) - R$ 0,00
Seu carrinho de compras está vazio.
  • O judeu que era padre

O judeu que era padre

Autor: Marcos Wasserman
SKU: 146248
Páginas: 349
Avaliação geral:

As crônicas de Marcos Wasserman são instantâneos fotográficos. São retratos de época, do autor (verdadeiras selfies), de um lugar (no caso, Israel) e de outras pessoas que lhe foram importantes. São cerca de 80 crônicas escritas quase todas durante a década dos 80 anos de seu autor. Entre elas está aquela que deu título a este livro.

R$ 50,00 no Cartão
Disponibilidade: Imediata

Quem comprou esse produto também comprou:

Descrição

As crônicas de Marcos Wasserman são instantâneos fotográficos. São retratos de época, do autor (verdadeiras selfies), de um lugar (no caso, Israel) e de outras pessoas que lhe foram importantes. Essa é a razão da divisão deste livro nestas quatro categorias, embora muitas vezes todas elas se apresentem numa mesma foto. São cerca de 80 crônicas escritas quase todas durante a década dos 80 anos de seu autor. Entre elas está aquela que deu título a este livro.

Índice e trechos

Índice

Retratos de Época
Cuidado com os barbudos
Vox populi
Ser macaco ou cachorro
Sou ignorante e sou feliz
As laranjeiras em flor
Queimaram minhas oliveiras
Será que ele é?
Depois da tempestade
Visita vira política
Oh, queridas mulheres
Está um frio gelado
Chuvas e tempestades
Você quer ser israelense?
Digitalização israelense
Ecos positivos.
A revolução "coronária"
Afinal, quem é quem?
Salvo pelo gongo?
O pandemônio da pandemia
Balagan
Setembro israelense
Retratos do Autor
Eu sou laico!
Khotyn ou Hotin
Inverno quente
Cinquenta anos
Dedo de Deus
Antes e depois
Reminiscências romântico-sionistas
Eu e Moshé Dayan
Eu, sionista
"Alte Zachen, Alte Zachen!"
Ma nishtaná?
Ecos passados e atuais
Pensando em voz alta

Retratos dos Outros
E o Rei David?
"Por Una Cabeza"
Falsificações históricas
"O Último Dia"
Escândalos literários
Diplomata-rei
Mendes e Silveira
O taxista: ópera e política
Saudosismo
Beco sem saída
Simplesmente Shimon
A Terra é quadrada
Anastácia em Israel
Não fale iídiche, só hebraico Quem será o próximo?
Clube do Bolinha Casher
O fim da picada
Roleta russa
Bom Retiro e Praça Onze
A palestina que virou judia
Feliz desaniversário Beijos e abraços
O judeu que era padre

Retratos de Israel
Será que valeu?
Judias a la Talib?
Israel bagunçado
Sexo? Só se for casher
"Eu Falo Aramaico."
A vaca pouco sagrada
O passarinho fugiu
Não querem saber
Gangorra israelense
O mundo e a bola
Israel, um país otomano?
Conversa entre surdos
Israel surpreendida
Complicado, interessante e divertido
Finita la commedia
Pássaros turistas
Never a dull moment
Moishe me protegeu!
Habemus Papam
Contradições israelenses
Doce mar Morto
Advocacia à beira-mar
Israel em julho

Glossário

Trechos

"ALTE ZACHEN, ALTE ZACHEN!"

Enquanto houver pensadores, filósofos, escritores e vendedores árabes de alte zachen (coisas usadas) em Tel Aviv, sempre haverá uma esperança.

Eu não pude acreditar quando ouvi a voz dele proclamando em voz alta, quase cantando, enquanto dirigia a carroça puxada por dois burros, propondo-se a comprar coisas velhas. Uma tradicional propaganda de vendedor em ídiche, só que, desta vez, o carroceiro era árabe.

As pessoas já o conheciam, e ele ia parando de tantas em tantas casas para receber coisas de que as pessoas queriam se desfazer, desde quinquilharias e velhos eletrodomésticos até móveis usados. Pagava o preço, ninguém discutia. Às vezes ele recebia mercadoria grátis, bens que as pessoas se desfaziam e deixavam na calçada em frente às suas residências, à disposição de quem quisesse levá-las.

Lembrei-me então de que certa vez, numa rua lateral perto do edifício do meu escritório, me deparei com algo inusitado em plena Tel Aviv moderna: uma loja que vende livros usados. Um verdadeiro "sebo".

Para quem não sabe, sebo era a denominação que se dava (não sei se ainda hoje existe) para certas lojinhas que vendiam livros usados em São Paulo. Se não me falha a memória, havia uma na rua 15 de Novembro, onde nós, estudantes, íamos folhear, examinar e às vezes comprar baratíssimos livros, algum romance usado ou até um livro didático para nossos estudos universitários.

Outro dia, passando pelo sebo tel-avivense, entrei e fui dar uma olhada para recordar os velhos tempos. Para minha enorme surpresa, me deparei com um livro, um calhamaço de 600 páginas escrito em hebraico nada mais, nada menos pelo Eliahu (Elias) Lipiner, publicado pela Editora Magnes, da Universidade de Jerusalém, com um subtítulo em inglês: "The Metaphysics of the Hebrew Alphabet".

Por alguns instantes, voltei ao meu passado. No meu segundo ano primário no Colégio Renascença, o Elias Lipiner foi meu professor de ídiche. Já adulto, estudante de Direito, fui seu estagiário em seu escritório de advocacia, na Rua Barão de Paranapiacaba, em São Paulo. Havia então poucos advogados judeus, e ele era muito procurado.

Anos mais tarde fiz minha Aliá e revalidei meu título para exercer a profissão. Decorridos um par de anos, para minha enorme surpresa, ele aparece e me informa que também fez sua Aliá. Não tenho a pretensão de dizer que fui seu mentor, como um dia ele foi o meu, mas pude lhe dar as coordenadas. Uma vez que dominava perfeitamente o hebraico, ele pode em pouco tempo assimilar todo o material jurídico israelense resumido que serviam aos estudantes que iriam prestar o exame da Ordem dos Advogados de Israel.

Não é preciso dizer que ele foi aprovado incontinente. Resultado: passamos a trabalhar juntos. Hoje ele está no Oriente Eterno, provavelmente em companhia de minha mãe, sua irmã.

Há uma sensação de que, no mundo inteiro, algo se está movendo, às vezes numa vã tentativa de se salvar das Alte Zachen, das teorias e conceitos superados, das políticas do tempo do Onça, de uma ONU anacrônica. Um mundo em que toda a tecnologia de ponta ainda chafurda na lama da ignorância, do ódio, dos assassinatos, terrorismo e de guerras localizadas.

Aqui em Israel, cantamos o "Hatikva", o hino nacional, que significa "A Esperança". Ela é inerente ao Povo Judeu, sempre na expectativa de dias melhores, rezando pela paz e a segurança, sua e de todos os outros povos do mundo, na esperança de uma paz-shalom bíblica universal. Um sonho milenar.

O que impede o avanço para um mundo melhor é uma moderna Anarquia, em seu sentido pejorativo, sem lei, que universalmente ameaça a paz e a segurança dos povos, com uma epidemia de homens suicidas e carros-bombas, e um terrorismo que se alastra, intratável com qualquer remédio.

Enquanto houver pensadores, filósofos, escritores e vendedores árabes de alte zachen em Tel Aviv, sempre haverá uma esperança.

Nota: Em vernáculo, alte zachen refere-se a coisas usadas.

Sobre o autor

Marcos Wasserman

É natural de São Paulo, capital, e formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a tradicional do Largo de São Francisco. Durante alguns anos, dedicou-se à advocacia no Brasil. Em 1967, embarcou com a família para Israel, onde fixou residência e foi recepcionado, três meses após sua chegada, pela Guerra dos Seis Dias. Revalidou seu título de advogado em Israel, onde, atualmente, exerce a profissão com enfoque no Direito Internacional Privado, relacionado a Israel, Brasil e demais países de língua portuguesa e espanhola. Durante a juventude, dedicou-se ao Jornalismo. É autor de outros livros traduzidos para o hebraico, inglês e português. Nos últimos anos, tem escrito crônicas. Seu moto: "O Brasil é minha pátria física e Israel, minha pátria espiritual".