Ele era o Tsadik de Kerestir, o lugar para o qual os judeus eram atraídos, como se puxados por cabos invisíveis de amor e esperança. Ele resolvia os problemas sem solução, curava as doenças sem cura e aquecia as almas entorpecidas pela frieza e pelo abandono. Naquela pequena cidade, chassidim fervorosos encontravam a verdade e viajantes famintos eram saciados.
O Rebbe, ele próprio um erudito da Torá, derramava seu coração em orações de modo singular e parecia existir numa realidade própria, entre os Céus e a Terra. Ele interrompia qualquer coisa, caso um judeu precisasse de uma bebida ou de uma cama quente. Suas orações e seus estudos sagrados eram deixados de lado para ajudar os outros. O Rebbe pertencia ao povo; e o povo, a ele.
Uma geração amou e reverenciou o Tsadik de Kerestir, e ela transmitiu esses sentimentos aos seus filhos, que os passaram adiante, a seus respectivos filhos e netos. Hoje, quase cem anos após o falecimento do Reb Shayele, as suas histórias, imagem e os seus ensinamentos ainda servem como fonte de bênçãos e cura para as multidões. Milhares se dirigem anualmente ao local onde ele está enterrado, especialmente no seu yahrtzeit (data de falecimento), e aqueles que se conectam com seus ideais e suas mensagens sentem a força do mérito que os acompanha.
A edição em lashon hakodesh (hebraico) de "Moifes HaDor" foi uma surpresa: o livro era preciso como um jornal acadêmico, com histórias vibrantes de emunat tsadikim (fé nos justos das gerações), baseadas em pesquisas extensas. Poucos meses após o lançamento, ele se esgotou; uma nova edição foi necessária, depois outra e ainda foi preciso lançar uma versão em iídiche. Em suma, tornou-se rapidamente um best-seller, recebido com grande entusiasmo. A versão na língua tradicional dos judeus da Europa esgotou-se ainda mais rapidamente, com tantos leitores ávidos para saber sobre o tsadik e possuir o livro que, por si só, já é uma fonte de bênçãos.
Esta versão em português da obra conta essa história: assim como ocorria aos viajantes que passavam pela cidade, você não será o mesmo após sua leitura. O leitor será conduzido ao pequeno vilarejo, à beira do Rio Bodrog, na Hungria, e ficará tocado com as histórias de bondade e hospitalidade, se impressionará com o extraordinário - que em Kerestir era o ordinário - e, como acontece com todos que por ali passam, se sentirá abençoado pela conexão com este tsadik.
Rebe Shayele de Kerestir - Mais que um nome, tratava-se de uma garantia, uma promessa, um convite - o tsadik e sua cidade, unidos para sempre.