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Em Busca da Verdade

Autor: Eliyahu E. Dessler
Editora: Sêfer
SKU: 3098
Páginas: 292
Avaliação geral:

Dono de alma sábia e dadivosa, o Rabino Eliahu E. Dessler Z'L, um dos grandes nomes contemporâneos da Torá, comparte conosco nas páginas desta coletânea de cartas e artigos seus pensamentos sobre o significado e o propósito da busca pela verdade. É o trabalho de uma vida inteira dedicada aos que desejam aperfeiçoar o espírito e, assim, chegar mais perto de Deus.

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Disponibilidade: Imediata

Descrição

A sabedoria vai além do conhecimento. Ela implica um coração sensível, profundo respeito para com o próximo e, acima de tudo, amor incondicional ao Criador - um amor que nos leva a rejeitar todo tipo de mentira e a abraçar a árdua jornada em busca da verdade.

Dono de alma sábia e dadivosa, o Rabino Eliahu E. Dessler Z'L, um dos grandes nomes contemporâneos da Torá, comparte também conosco nas páginas desta coletânea de cartas e artigos seus pensamentos sobre o significado e o propósito dessa busca. É o trabalho de uma vida inteira dedicada aos que desejam aperfeiçoar o espírito e, assim, chegar mais perto de Deus.

Índice e trechos

Índice

Prefácio à Edição Brasileira
Introdução do Rabino Aryeh Carmell

A Felicidade Neste Mundo
Uma vida feliz
A recompensa por um Mitsvá é outra Mitsvá
Bondade
Atos de bondade
Cartas e Lições
E foi após a destruição
O "eu", nossas inclinações, o corpo e a alma
Uma aula sobre o Caminho dos Justos
Uma aula sobre o primeiro Salmo
Caminhos Celestiais
O atributo da misericórdia
O sofrimento dos justos
Teshuvá
Alguns ganham seu mundo num momento
Um atalho para a Teshuvá
Olhando Dentro da Verdade
A raiz da moral
Saiba como responder
A Lei da Verdade
"Não te é encoberto"
A força da visão da verdade
A teimosia e sua cura
A sabedoria do universo
O Serviço Divino
União e Diversidade
Verdade versus Mentira
As ações refinam umas as outras
O poder do ambiente
Livre-Arbítrio
A essência da escolha
Benevolência e livre-arbítrio
Livre-arbítrio e determinismo
Milagres e Natureza
A natureza oculta milagres
A essência da natureza
A Fé em Nossos Sábios
A fé em nossos sábios e Purim
A Influência da Bondade
O papel central da bondade no plano da Torá
O indivíduo e a sociedade

Posfácio à Edição Brasileira

 

O processo do Livre-Arbítrio



Imaginemos um homem que fuma tanto que as dores em seu peito não o deixam dormir. A aflição é tanta que ele decide parar de fumar. Não é preciso convencê-lo que o fumo prejudica a saúde, além de ser um hábito reprovável. Ele levanta-se pela manhã, seu vício levanta junto e ele sente um desejo incontrolável de fumar. Inicialmente, este homem consegue controlar este desejo, que aumenta a cada momento. Finalmente, diz a si mesmo: "Fumarei só um cigarro; um cigarro apenas não me fará mal." Pouco tempo depois de ter fumado "apenas um cigarro", ele sente uma nova e irrefreável vontade de fumar. Novamente, diz a si mesmo: "Mais um cigarro não me fará mal." Assim segue o dia, ele fuma a quantidade habitual de cigarros e novamente dorme com dores no peito. E no dia seguinte? 

Um fumante sabe muito bem que o primeiro cigarro desperta a reação em cadeia que o faz fumar os cigarros seguintes e mesmo assim deixa-se enganar todos os dias pela mesma tentação.



Quando enganamos a nós mesmos


Se este homem estivesse frente a uma única e clara escolha, fumar e sentir dor ou não fumar e não sentir dor, não haveria dúvida. A vontade de não sentir dor dominaria com facilidade a vontade de fumar. Como pode a vontade de fumar suplantar uma vontade maior que ela? A resposta é simples: Por meio do truque que mencionamos acima.

Façamos então a seguinte pergunta: O que faz com que um homem engane a si mesmo ("só um cigarro não me fará mal"), menosprezando o argumento verdadeiro ("um cigarro traz outro cigarro"), ainda que saiba a verdade? E possível que a vontade de fumar supere a lógica do raciocínio? Como isto pode acontecer se a vontade de fumar é menor do que vontade de não sentir dores? (É óbvio que a vontade de fumar é a mais fraca das duas. Se fosse a razão mais forte - para que enganar-se? O homem poderia fumar quanto quisesse, mesmo consciente das dores que sofreria com o decorrer do tempo.)



"Algo mais"

Temos que concluir que há 
algo mais além das duas vontades conflitantes e que é isso que influencia nossa escolha. Este "algo mais" não é outra coisa que não  a própria pessoa. Somos nós que desviamos nossos pensamentos da decisão correta,  apesar da verdade ser clara e definitiva. Somos nós que adotamos os argumentos falsos a fim de encobrir nossa própria verdade. Duas vontades concorrem dentro do homem e é ele quem decide de forma consciente desprezar as demandas e os argumentos verdadeiros de uma delas, adotando os argumentos inverossímeis da outra, ajudado por fracos pretextos.

O que pressiona um homem a agir deste modo? Não são as vontades concorrentes, mas ele próprio, e o faz livremente. O homem pode dizer a si mesmo: "Por que fingir? O fingimento não é real. Se continuar assim causarei fortes dores a mim mesmo à noite." Se raciocinar deste modo, este homem deixará de fumar. Por isto, não pode culpar senão a si mesmo.



A Essência da Escolha

É bobagem pensar que foi a vontade mais fraca que fez este homem optar por uma mentira, mesmo sabendo perfeitamente que ela não passa de uma mentira. Mas isto não explica porque a vontade mais forte não fez o homem optar pela verdade, mesmo estando consciente dela. A bem da verdade, ele tem força para decidir-se pela verdade, e aí se enfraquece a intensidade de sua fraca vontade e todos seus argumentos ilusórios. Por outro lado, foi capaz de desprezar conscientemente a verdade, afastando a verdadeira vontade de seus pensamentos e colocando em seu lugar uma mentira. A livre escolha ou livre-arbítrio trata exatamente destas duas possibilidades.

A escolha depende unicamente do próprio homem. Não há força externa alguma nos coagindo. A causa mestre é a própria pessoa. Quem experimenta a livre escolha e por mais de uma vez em sua vida consegue superar seu 
Iétser Hará, sabe com clareza absoluta que abandonou suas ilusões e que optou pela verdade. 



A Realidade da Opção

Quem não travou esta luta, quem nunca tentou derrotar o 
Iétser Hará e dominar sua própria natureza, jamais entenderá. Qualquer ?vontade? sua terá de ser irremediavelmente saciada. Esta pessoa pensa estar sempre à mercê de sua vontade maior. A realidade da escolha se lhe desaparece aos olhos, porque nunca fez uma escolha consciente verdadeira. Por isto, tem a impressão que as forças externas são as que realmente forçam o homem a optar. Aos que negam a existência da livre e soberana escolha do homem, temos de dizer: "Suas opiniões refletem o que está acontecendo no íntimo de seus corações; negam o livre-arbítrio porque jamais escolheram de verdade, vivendo sempre segundo suas inclinações e desejos."



A arte de Reconhecer a Verdade

Segue que a essência da boa escolha é o reconhecimento da verdade e a essência da má escolha é a aceitação da mentira como sendo a própria verdade. Diz o salmista: "Não haverá deuses estranhos em teu meio".(Salmos 81:10) Nossos Sábios comentam: "O que são estes deuses estranhos dentro do homem? É o seu 
Iétser Hará!"(Talmud, Shabat 105b)Também disseram: "Quem escuta seu Iétser Hará é como se estivesse servindo a ídolos".(Talmud de Jerusalém, Nedarím 9:1) Quem usa de sua livre escolha para negar a verdade que reside em seu coração iguala-se a quem nega a verdade Divina.

Prefácio

Prefácio à Edição Brasileira

Duas forças distintas, mesmo quando contrárias, podem se unir e formar uma nova energia – esta, ainda mais potente se bem direcionada. O mesmo acontece no mundo das ideias.

Como exemplo, podemos citar a interação entre o movimento chassídico e o judaísmo lituano. O Chassidismo realçou a importância da alegria, da espontaneidade e da empolgação. Para isto, lançou mão de todos os elementos ao seu alcance, inclusive a revelação de segredos da mística judaica. Valorizou a devoção acima da erudição e, assim, trouxe novo alento aos judeus leigos, incentivando qualidades como o fervor e a compaixão.

Quando isto se disseminou, o judaísmo lituano entendeu como exagerada e perigosa a ênfase dada aos sentimentos e à pureza, pois poderia enfraquecer o estudo e a clareza dos limites ensinada nas leis da Torá. Encerrou-se então dentro das fortalezas de ensino e protegeu-se através das minúcias da Halachá, vendo com ressalvas o caminhos dos chassidim.

Apesar das diferenças, porém, o aparente antagonismo entre as duas correntes ajudou a criar novas sínteses que viriam a unir as virtudes de ambos. Na Lituânia, floresceu o movimento do Mussár, que, como o Chassidismo, também enfatizava a importância da devoção nascida no coração, agora acrescida do valor dado à coerência de conduta e à honestidade moral. O Chassidismo, por sua vez, passou a reforçar a importância da concentração no estudo da Torá e a estabelecer limites mais estritos para as asas da alma.

“Em Busca da Verdade”, um grande clássico contemporâneo da escola de Mussár, traduz seus ensinamentos em preciosas lições para a vida moderna. Podemos sentir no livro a grande luz do Rabino Israel de Salant, precursor do movimento de Mussár, refletida por um de seus mais ilustres alunos, o Rabino Simcha Ziv de Kelem, mestre do Rabino Eliyáhu Dessler, nosso querido autor. Ao mesmo tempo, encontramos também a presença de idéias chassídicas e da mística judaica em inúmeros trechos e citações, o que torna o livro uma verdadeira obra-prima, abrangente e totalmente original em sua formulação.

Direto da Fonte

A ciência reflete o anseio do homem em desvendar os segredos da Criação. A Física estuda as forças da natureza; a Biologia pesquisa a vida. A nossa Torá, principalmente em sua parte filosófica, revela o plano completo da Criação do universo. Enquanto a ciência procura compreender o mundo “de fora para dentro”, a Torá nos revela o mundo “de dentro para fora”.

O mesmo se dá com o estudo da mente. A Psicologia tenta estudar os mecanismos da psique humana, muitas vezes tateando no escuro, tentando equacionar fenômenos que têm suas origens nas profundezas da alma. No livro “Em Busca da Verdade” encontramos a visão da Torá sobre a natureza humana a partir da perspectiva Divina. Ele nos mostra a Verdade segundo o Criador, e não sob a forma de teorias elaboradas por pessoas como nós.

Baseado nas mais belas interpretações da Torá e do Talmud, “Em Busca da Verdade” nos coloca frente à nossa própria essência e traz grandes ensinamentos capazes de iluminar e aprofundar a maneira como vemos a vida.

Um Hino de Louvor

As grandes migrações do século XX verificadas em diásporas estabelecidas há centenas de anos (tanto dos Ashkenazim como dos Sefaradim) e a tragédia do Holocausto devastaram o mundo da tradição judaica. Poucos dos que sobreviveram tiveram a visão e a força de lutar em terras estranhas para reedificar e restaurar o mundo espiritual das comunidades.

Dentro desse contexto, o Rabino Eliyáhu Dessler, um dos poucos gigantes espirituais que sobreviveram, foi uma abençoada exceção. Ao longo de todo o livro, através de exemplos que refletem a extrema dedicação que teve para com seus alunos, através de relatos sobre uma vida inteira devotada à Torá, podemos sentir a magnitude dos esforços que empreendeu para resgatar das ruínas um povo devastado.

O capítulo “E foi após a destruição” é tão emocionante que deveria ser decorado em todas as escolas judaicas e ieshivót como um hino do amor ao nosso povo, um exemplo do vigor eterno da alma judaica, que não se cansa e não se curva nem mesmo perante os maiores desafios e dificuldades da vida.

O Rabino Eliyáhu Dessler foi talvez o principal responsável pela reconstituição do mundo da Torá na Inglaterra, e também teve o mérito de participar da construção das novas bases do mundo das ieshivót na Terra de Israel.

Hoje, quando o mundo da Torá está se reerguendo; quando dezenas de milhares de Bachurê Ieshivá se debruçam sobre os Livros Sagrados e reacendem a chama eterna da palavra de Deus; quando centenas de comunidades redescobrem a importância do estudo da Torá como item essencial para a preservação do nosso legado e para a conquista da harmonia que todos procuramos, devemos lembrar a dedicação do Rabino Eliyáhu Dessler Z”L e sorver cada palavra deste livro, um monumento à Verdade da Vida.

Sivan 5763.

Rabino Raphael Shammah

Posfácio à Edição Brasileira

À medida que mergulhamos na leitura deste apaixonante trabalho, encontramos respostas para dúvidas que há muito inquietavam nosso espírito. A maneira simples e direta com que o Rabino Eliyáhu Dessler aborda os temas mais complexos convida nossa mente a estabelecer associações surpreendentes.

Uma delas é que, segundo o Talmud, todos os questionamentos ainda sem resposta serão esclarecidos quando da vinda de Eliyáhu Hanavi (o profeta Elias). Lembramos também o que nos diz o profeta Malaquias no capítulo 3, versículos 23 e 24 do texto que é lido como Haftará do Shabat Hagadol, que antecede a comemoração de Pêssach:

“Eis que Eu vos enviarei o profeta Eliyáhu, antes que venha o dia grande e temível do Eterno. E ele fará voltar o coração dos pais para com Deus por meio dos filhos, e o coração dos filhos para com Deus por meio dos pais... ”

Podemos entender estas palavras de várias maneiras. Uma delas é que Elias fará os corações de pais e filhos voltarem-se uns para os outros através do Eterno e, outra ainda, que os corações de pais e filhos, estando voltados para Deus, estabelecerão entre si uma plena integração e perfeita harmonia.

É quase impossível, porém, evitarmos a perplexidade face à afirmação de Malaquias no contexto em que vivemos. O mundo em contínua convulsão torna cada vez maior a distância entre as gerações. Mudanças decisivas ocorrem sem aviso; situações políticas sofrem transformações radicais; fortunas são amealhadas e perdidas em questão de minutos. A constante evolução da ciência e da tecnologia faz obsoleta hoje a certeza sólida, firme, de ontem.

A instabilidade do mundo à nossa volta atinge até critérios e valores que temos por obrigação transmitir aos nossos filhos. Aparentemente, não há solo comum. Trata-se, no entanto, de um diálogo que poucas vezes foi tão importante, tão vital para nossa continuidade.

Precisamos falar-lhes dos elementos que compõem o caráter dos homens de bem; da grandeza do amor verdadeiro; da fé que brota e floresce no coração dos abençoados. E eles deverão saber que as palavras vêm dos ensinamentos dos Sábios de Israel, eternos, imunes à passagem do tempo.

São estes ensinamentos que o Rabino Dessler situa dentro de um universo contemporâneo, tornando-os claros e acessíveis ao leitor. É desta forma que ele cria o solo comum da profecia de Malaquias, o lugar onde pais e filhos podem se reunir em torno da verdade e conversar sobre sua natureza única, imutável, incontestável.

Ao mesmo tempo, os textos do Rabino Dessler remetem ao famoso sonho de Jacob, nosso Patriarca, sobre a escada que liga céus e terra. Seus comentários e explicações são como os degraus dessa escada, que nos aproxima mais e mais do Amor e do Temor ao Eterno, e nos leva a fazer diretriz primeira de nossas vidas servi-Lo com toda nossa alma.

Que estes sentimentos possam estar presentes na mente e no coração de cada leitor para que não tarde a Era Messiânica, onde a Paz e Harmonia serão atributos de Am Israel e de toda a Humanidade.

David Gorodovits


Sobre o autor

Introdução do Rabino Aryeh Carmell

Uma Breve Biografia

O Rabino Eliyáhu Eliezer Dessler nasceu na cidade de Liwau, Lituânia, em 16 de Sivan de 5652 (1892). Seu pai, o Rabino Reuben Dov Dessler, e seu tio, Rabino Guedália, foram discípulos do ilustre Rabino Simcha Zissel Ziv Z?L, o grande mestre do Mussár (moral) que, por sua vez, havia sido aluno do Rabino Israel Salanter, o precursor do movimento do Mussár.

Durante a juventude, o pai e o tio do Rabino  Dessler estudaram na instituição especial criada pelo Rabino Zissel Ziv em Grovin, perto de Liwau. Além dos estudos talmúdicos, o currículo incluía algumas horas dedicadas às disciplinas laicas e ao idioma russo, vistas como de grande importância para os que viessem a atuar em atividades comerciais que exigissem contatos com o mundo não judaico. O Mussár, tiveram o privilégio de aprender do próprio Rabino Zissel Ziv, que possuía o dom de aperfeiçoar a personalidade de seus alunos segundo as mais elevadas exigências morais da Torá.

Mais tarde, o Rabino Reuben Dov e seu irmão estudaram com o Rabino Zissel Ziv na conhecida Ieshivá de Mussár ?Bêt Talmud Torá?, em Helm. O Rabino  Reuben Dov acabou se revelando um discípulo brilhante e, nos anos seguintes, integrou a direção da Ieshivá.

O pequeno Eliezer Reuben foi iniciado nos fundamentos da Torá e do Mussár desde tenra infância, quando vivia com seu pai na cidade de Homel (Gomel, em russo). Tinha professores particulares e seu currículo de estudos inclua também o idioma russo, aritmética etc., de acordo com o método adotado pelo Rabino Simcha Zissel Ziv.

Em Helm

Em função de seus inúmeros talentos, que já se faziam notar desde muito cedo (outro tio, o Gaon, Rabino Chayim Ozer, o chamava de ?pequeno prodígio?), Eliezer Reuben foi enviado por seu pai ao Talmud Torá de Helm com apenas treze anos de idade, tornando-se o mais jovem estudante da instituição. Ali, estudou durante dezoito anos (com algumas intermissões) e seu talento rendeu-lhe um nome respeitável. Contam-se maravilhas a respeito de sua genialidade no campo da Halachá (a legislação mosaica). Seu afinco e concentração eram motivos de admiração. Quando se recolhia para estudar, nada desviava sua atenção. Os colegas mais brincalhões chamavam-no "Elic, o diligente".

Em 5674 (1913), quando os alemães conquistaram a cidade de Helm, Eliezer Reuben retornou a Homel, onde estudou na Ieshivá fundada e dirigida por seu pai, Rabino Reuven, instituição mantida também graças a ajuda de ex-estudantes de Ieshivót da Lituânia.

Homel era uma cidade de judeus chassídicos e o contato de Eliezer Reuven com o chassidismo fez com que passasse a ter grande reverência pelos mestres deste movimento. Mais tarde, a admiração se traduziria em um de seus trabalhos mais interessantes - a versão de temas cabalísticos em conceitos de Mussár.

Quando os bolchevistas se fizeram ouvir em 5678 (1917), o Rabino  Dessler voltou para Helm e continuou seus estudos. Um ano depois, casou-se com a filha do Gaon, Rabino Nachum Zeev, filho do Rabino Simcha Zissel Ziv.

Enquanto isso, os bolchevistas ganhavam mais poder. As posses dos Dessler começavam a minguar. Suas vidas corriam perigo e, por milagre, conseguiram se salvar. O tio do Rabino  Dessler, o Gaon, Rabino Chayim Ozer Grodzinski, um dos grandes de sua geração, convidou-o para ocupar o posto de Dayan (juiz) em Vilna. Mas a tentativa não deu resultado e foram precisos alguns anos para que o Rabino quitasse o último centavo de suas dívidas. Começaram então os anos de viagens.

Londres

Em 5687 (1926), o Rabino  Dessler viajou para a Inglaterra com a esposa e os filhos. Nomeado rabino de uma pequena sinagoga situada na área leste de Londres, fixou residência na cidade. Alguns anos depois, recebeu e aceitou o convite para liderar uma sinagoga maior, no norte de Londres, e acumulou a este o cargo de rabino responsável de um importante Talmud Torá, instituição onde as aulas eram ministradas depois do horário das escolas laicas.

Mas há indicações de que o Rabino Dessler não gostava da posição que ali ocupava, como faz crer uma frase que disse ao diretório da comunidade: "Dos quatrocentos rapazes que frequentam este Talmud Torá, levamos em conta um ou dois, que removemos do grupo e enviamos às Ieshivót. O restante nem se lembrará como se recita um Cadish." Com esta observação, ele expressou um ponto fundamental no seu modo de ver a educação: era mais válido dedicar-se a um só aluno interessado do que mil alunos não verdadeiramente interessados.

Durante o mesmo período, realizava-se dando aulas particulares a um grupo reduzido de discípulos. O mestre, de abençoada memória, observava atentamente os progressos intelectuais de seus pupilos para abrir-lhes as portas do conhecimento de modo a garantir-lhes o melhor aproveitamento possível, aproximando-os da Torá com toda a força de seu carisma inato. Estudavam principalmente os assuntos de Halachá, e o Rabino incutia-lhes o conhecimento de um modo meticuloso e profundo, levando-os à compreensão dos diversos comentários do Talmud até suas mentes e corações tornarem-se afiados.

Ao mesmo tempo que o Rabino Dessler desvendava pouco a pouco os mistérios do Mussár e a visão da vida que este estudo exige, seus alunos tinham um exemplo vivo e contínuo do que é Mussár ao observarem a conduta do mestre, suas virtudes e caráter notável, e o modo que os tratava ? como um pai trata a um filho.

Uma característica da sua fabulosa dedicação aos alunos estava em responder a qualquer pergunta que estes lhe formulavam, de pequena ou grande relevância, sobre assuntos materiais ou espirituais, concentrando-se de modo a prover uma resposta ou conselho satisfatório, sempre de acordo com a personalidade e necessidades de quem perguntava. Foi nesta época que escreveu o "Compêndio sobre a Bondade", tão característico de seu modo de pensar e agir. Alguns de seus alunos tinham conhecimentos modernos antes de estudar com ele, mas depararam-se com esforços vigorosos por parte do Rabino para tentar elucidar os assuntos que estudavam, de modo a tornar reto o caminho tortuoso do pensamento moderno que povoava suas mentes. Como resultado, foram nascendo temas como "A essência do arbítrio", "A essência da natureza" e outros. 

O Rabino Dessler pôde constatar os frutos que de sua dedicação a seus alunos. Muitos se tornaram eruditos da Torá e personalidades exponenciais na comunidade, continuando intimamente ligados ao seu mestre até seu último dia na terra. 

A Crise

Eclodiu a Segunda Guerra Mundial. As desgraças que se abatiam sobre nosso povo, impondo grande sofrimento espiritual ao Rabino, faziam-no revelar sua grande força interior. Pouco antes, sua esposa e sua filha tinha viajado a Vilna para visitar o filho e o restante da família. Quando a guerra começou, o contato entre eles se interrompeu. Para quem não conhecia a sensibilidade do Rabino, seria difícil saber o quanto ele estava sofrendo, pois não deixava transparecer suas aflições: não admitia jogar sua própria angústia sobre os ombros das pessoas à sua volta. Ao contrário, via-se na obrigação de consolar e alegrar os corações daqueles que sofriam.  Um eco de seu modo de agir podia ser notado nas palavras que pronunciou certa vez a um visitante: "Não tenho com que me preocupar quando à minha família, pois estão sob os cuidados de um Tsadic (um justo), meu cunhado, o Rabino Daniel, e certamente passam bem... [no sentido espiritual]". Após algum tempo, ele soube que haviam fugido - sua esposa e filha para a Austrália e o filho, para os Estados Unidos. O Rabino  Dessler não os viu até o fim da guerra.

Sua solidariedade para com a dor alheia não conhecia limites. Todas as suas prédicas durante esse período abordavam o assunto. Um pensamento visitava continuamente sua mente: "Com que finalidade o Altíssimo nos deixara vivos?". (Veja a carta: "E foi após a destruição", pág. 75).  

Em 5701 (1941), o Rabino  obteve uma resposta à sua pergunta. Recebeu uma carta do Rabino David Dreian, shochêt da comunidade judaica de Gateshead, norte da Inglaterra, que desejava abrir na cidade um Colel de Avrechim para os refugiados de Ieshivót dispersos por toda a Inglaterra e que, para isto, precisava de sua orientação.

A pequena comunidade de Gateshead (situada num subúrbio operário perto da cidade de New Castle) era uma comunidade ímpar na Inglaterra:  totalmente composta por judeus ortodoxos, contava exclusivamente com chefes de família praticantes e estudiosos da Torá. Seu líder era o Rabino  Naftali Shakovitsky Z"L, um dos discípulos do Chafetz Chayim. O shochêt da comunidade, Rabino David, tinha aparência simples e caráter único: o calor da Torá flamejava em seu coração e sua única meta na vida era fazer com que as chamas inflamassem outros corações. Com um esforço impressionante, conseguiu erguer uma importante Ieshivá na cidade.

Quando o Rabino Dessler recebeu sua carta, soube que estava frente a uma decisão. À primeira vista, a proposta do Rabino David parecia um sonho impraticável, pois o momento era de perigo. Os sistemas fiduciários haviam desmoronado; a pauta das comunidades encontrava-se corroída e a maior parte dos filantropos estava escondida nas aldeias para fugir dos bombardeios frequentes sobre Londres e seus arredores. Como podiam pensar em erguer uma nova instituição nesta situação? 

Seriam necessários esforços incomensuráveis. Poucos judeus na Inglaterra conheciam o valor e o significado de um Ben-Ieshivá e o conceito de Colel estava ainda mais distante de sua compreensão, até mesmo entre alguns judeus ortodoxos. Seria preciso uma dose maciça de conscientização. Quem aceitaria a grande responsabilidade de ocupar-se do sustento das famílias dos que viessem estudar em tempo integral? E quem aceitaria receber a soma necessária para tão ousada causa, com todo o labor que uma empreitada como esta exigiria? Seria ele um homem tímido, recatado, não habituado às causas públicas, já nos seus cinquenta anos e não tão saudável?

Mas a urgência da causa era óbvia...

Entre os refugiados, havia excelentes estudiosos de Torá - alguns deles se dedicavam à mistvá de corpo e alma, inclusive às custas do próprio conforto. Entre os casados, havia aqueles que já estavam prontos para ocupar um posto de rabino, mas recusavam-se a abrir mão do crescimento espiritual que almejavam nas grandes Ieshivót. Nestes círculos, identificava-se claramente a "fome pela palavra de Deus". Mas as chances de se alcançar o objetivo tornavam-se mínimas. Precisavam de um líder à altura. Precisavam estudar em uma Ieshivá de nível elevado. E de alguém que se preocupasse com seu futuro.

O Rabino  Dessler vislumbrou tudo isto e mais. "Onde crescerão os grandes da Torá numa geração órfã como esta? Quem será nosso mestre e tutor dentro de vinte anos? De onde sairão líderes espirituais, se cada aluno precisar ocupar-se com um emprego ou sair ao comércio para ganhar o pão?" Estas eram suas indagações e elas refletiam até onde ia seu comprometimento.

Estava claro que os Céus lhe indicavam o caminho a seguir. Ele sabia com certeza que deveria aceitar a missão que lhe era oferecida e que seu cumprimento seria a parte que lhe caberia na reconstrução em meio às ruínas.

Mas o Rabino não aceitou a proposta facilmente. Um dos problemas dizia respeito aos seus alunos em Londres - "O que acontecerá com eles?," perguntava-se, pois também eram sua responsabilidade. O que deve ter precedência, auxiliar os que já sabem, esperando fazer deles grandes homens, ou educar os pequenos para serem grandes homens no futuro? O Rabino Dessler não chegou a formular a questão desta maneira, mas sabia-se que o tema ocupava sua mente através das palavras que disse na época: ?Aquele que deseja ensinar porque traz dentro de si um elevado grau de bondade, melhor que ensine os pequeninos, pois fará deles homens bons; mas quem ensinar motivado por honras e outras preocupações não pertinentes ao ensino, melhor que estude com adultos de bom caráter, que aprimorarão o seu e lhe adicionarão méritos, ao passo que os pequeninos os diminuirão?.

Gateshead

O problema lhe parecia simples, tamanha era sua humildade. Não abandonou seus antigos alunos por completo. Com uma agilidade impressionante para sua frágil condição de saúde e com imenso sacrifício, Rabino  Dessler acabou acumulando simultaneamente quatro grandes funções: a gerência dos assuntos internos do Colel, tanto os de cunho material quanto os de natureza espiritual; a responsabilidade pela maior parte das despesas da instituição, preparar e proferir palestras semanais sobre Mussár para o Colel e seguir com as aulas particulares para seus antigos alunos, bem como para novos grupos que haviam se formado em Londres e Manchester.

Como a separação da família lhe poupara da responsabilidade acarretada por um lar (para ele, também exemplo da Providência Divina), ele viu-se na obrigação de dedicar literalmente toda a sua vida aos elevados objetivos de interesse Divino, sem deixar tempo algum para si. Esta agenda, observada meticulosamente e sem intervalos durante mais de quatro anos, provou a capacidade sobre-humana do Rabino Dessler. Dois ou três dias por semana dava aulas para diversos grupos de alunos em Londres e cidades vizinhas, e a remuneração que recebia em alguns lugares bastava-lhe para o próprio sustento e também para enviar algum dinheiro à família que estava longe, pois decidira não receber centavo algum do Colel em pagamento por seus serviços. O restante de suas atividades, senão a maior parte delas, eram levadas a cabo sem remuneração alguma, com o intuito de não cancelar aquelas com as quais se havia comprometido e de não abandonar quem o procurava em busca de aprendizado.

Como as horas do dia não eram suficientes para atender a todos os alunos, alguns tinham que ficar despertos toda a noite para estudar com o Rabino. Durante os outros dias da semana e nos intervalos entre as aulas, ocupava-se em angariar fundos para manter o Colel. As longas viagens necessárias para este intento aconteciam principalmente à noite. Nas noites de quinta-feira, retornava a Gateshead, onde passava o Shabat e o domingo, se necessário. Na volta a Londres costumava parar em Manchester, onde um grupo de eruditos em Torá o esperava.

Além de todo este expediente, o Rabino Dessler ainda encontrava tempo para atender a solicitações particulares de todos os que o conheciam sobre assuntos educacionais, Shiduchim etc. Interessava-se também pelas necessidades materiais das pessoas e sempre perguntava por sua saúde. Também respondia pessoalmente as cartas que recebia, não somente da esposa e dos filhos, mas de discípulos espalhados por diversos países e de inúmeras outros. Quando escreveu em sua carta "A fé nos Sábios e Purim" as palavras "Farei da noite dia e responderei a vossa missiva...", não o fez em sentido figurado, pois esta era sua realidade: tudo o que ia além do horário diurno de atendimento à comunidade, realizava às custas de suas horas de descanso.

E mais: ele ainda encontrava tempo para elaborar e expressar novas ideias, com genial profundidade, esclarecendo contos de nossos Sábios, do Midrash ao Zôhar, onde revelava fundamentos ocultos do Mussár e dos poderes da alma, interligando os temas, sempre com preciosos desfechos para despertar o espírito. Foi durante este período, quando trabalhou sem trégua para erigir o Colel, administrá-lo e prover suas necessidades, que o Rabino  Dessler converteu-se numa fonte de águas ? de saber ? inesgotável, de onde transbordavam ensinamentos de Torá e Mussár.

Tudo isto parecerá assombroso para quem não o conheceu; mesmo nós, que o conhecemos, nos maravilhamos até hoje com sua obra. Mas durante seus dias não o víamos desse modo. Sua humildade era tanta que ele fazia tudo parecer natural e simples ? tanto aos seus próprios olhos quanto aos olhos de outros. Foi desta maneira que administrou todos os assuntos do Colel e outras instituições que dele se originaram ao longo do tempo.

Desde o início de seu trabalho no Colel, o Rabino Dessler decidiu que a instituição não contrairia dívidas. Preocupava-se com isto semana após semana. Quando faltava dinheiro, ele esforçava-se para obter o que era preciso e Deus garantia seu sucesso, fazendo doações chegarem sempre a tempo, vindas dos lugares menos esperados. Este auxílio Divino era motivo de espanto até mesmo para Rabino, que se perguntava: ?Como pode um simplório como eu merecer tão grandes milagres??

As atividades do Colel refletiram-se imediatamente no desenvolvimento da Ieshivá de Gateshead. Com o passar dos anos, o quadro de alunos aumentou, e o Colel proveu um Rosh Ieshivá e um guia espiritual. Graças às iniciativas do Rabino Dessler e sob sua orientação, outras instituições começaram a formar-se ao redor do Colel, como o renomado ?Seminário para Professoras? e um internato que preparava rapazes para a Ieshivá.

O Colel também enviou alguns de seus mais brilhantes integrantes para localidades distantes: companheiros do Rabino, com sua ajuda, fundaram uma nova Ieshivá em Sonderland; um internato em Manchester; uma Ieshivá, um Colel e instituições educacionais de Tanger (Marrocos), além de um Centro de Torá e Oficina de Artes em Londres (para os ex-alunos das Ieshivót que haviam estudado Artes). Tornou-se também fonte de inúmeros eruditos que atuaram em ieshivót, cortes rabínicas etc., na Inglaterra e em outros países.

Ainda é cedo para aferirmos a dimensão da obra do Rabino  Dessler em prol da Torá e da reconstrução de um judaísmo em ruínas. Mas fica claro para todos nós que o ano de 5701 - da fundação do Colel - marcou o ressurgimento do judaísmo britânico. Os ecos do que começou naquele momento ressoam até os dias de hoje.

Bnei Brak

Depois da guerra, acumularam-se os fatores que mudariam o curso de atuação do Rabino Dessler. Seus tremendos esforços haviam deixado marcas em sua saúde. A idade chegava e o Rabino viu que não poderia continuar a despender tanto esforço. Tentou incansavelmente estabelecer um andamento para o Colel de modo que a instituição não precisasse tanto dele mas, se continuasse no mesmo ritmo, havia o risco disso acontecer antes do tempo.

Em 5707, o Rabino Iossêf Kahanman, conhecido como o Rabino da Ieshivá de Ponevez,  em Zichron Meir, Bnei Brak (Israel), convidou o Rabino Dessler para ocupar o cargo de rabino responsável da famosa instituição. O convite foi aceito, sob a condição de que ele pudesse paralelamente dar continuidade às suas atividades na Inglaterra.

Quando imigrou para Israel com sua esposa em 5708, um novo capítulo teve início em sua vida. Após longos períodos de incessante atividade, encontrou tempo livre para aprofundar-se em seus estudos. Mas o dinamismo era o mesmo.

Aos mais de mil artigos que havia escrito antes de ir para a Terra Santa, muitos outros passaram a se somar. Nunca menos do que três vezes por semana o Rabino dissertava sobre eles aos alunos da Ieshivá. Investiu muito esforço nessas dissertações, que eram compiladas a partir de contos completos de nossos Sábios, de abençoada memória; do Mussár, dos poderes da alma e de assuntos que faziam parte do cotidiano. Não raro, o Rabino dedicava cerca de vinte e cinco horas para a compilar uma única dissertação. Foi um período singularmente frutífero: novos fundamentos foram revelados e inúmeras ideias, antes apenas pequeninos botões, agora desabrochavam em flor.

Ao mesmo tempo, o contato com seus alunos no Exterior continuava frequente. Quase todos os anos, nos períodos de férias, viajava à Inglaterra para vistoriar pessoalmente o desenrolar dos projetos que ajudara a instaurar e para encontrar-se com os administradores das instituições, que ainda o viam como seu líder. Nessas ocasiões, ele também procurava dar início a novos projetos. Às vezes viajava aos Estados Unidos, onde viviam seu filho e sua filha.

Após o falecimento de sua devotada esposa em 5711, em Jerusalém, o Rabino Dessler mergulhou ainda com mais intensidade em sua obra. Já bastante conhecido em Israel, era sempre convidado a discursar diante de grandes plateias. Suas palavras ecoavam em ouvidos maravilhados, principalmente nas Ieshivót de Mussár em Jerusalém, o que o tornou um dos grandes mestres de sua geração na disciplina.

O Rabino Dessler também atuava com vigor em prol dos alunos de Ieshivót e instituições de ensino de Torá em geral, sempre de modo discreto, distante do olhar público. Ajudou a difundir as obras da Liga dos Ativistas Religiosos, que via como de suma importância para difusão do espírito da Torá por toda a Terra de Israel, uma postura que lhe alentava o espírito.

A Partida

Cerca de um ano antes de falecer, o Rabino Dessler passou a sentir dores nas pernas, diagnosticadas como problemas de circulação. Mas ele não deixou que seus alunos soubessem. Não queria preocupá-los. Quando acompanhou o funeral de Marán, o Chazon Ish, cerca de dois meses antes de sua partida, sentiu dores intensas, mas forçou-se a acompanhar o cortejo. Ele viu então suas forças minguarem ainda mais, mas não deixou de dissertar na Ieshivá, como de hábito.

Uma semana antes de morrer, o Rabino Dessler caiu de cama. Mas não parou de trabalhar. Muitos o visitaram. Seus discípulos vinham consultá-lo, como de costume, e ele continuou a escrever as próprias cartas. Mas sentia os sinais de sua partida da terra, pois perguntava a muitos que vinham ver-lhe sobre o significado de alguns comentários de nossos Sábios, de abençoada memória, sobre assuntos relativos a pessoas à beira da morte.

No dia de seu falecimento, 25 de Tevêt de 5714, sentiu-se melhor e estudantes da Ieshivá visitaram-no até as quatro horas da tarde. O Rabino  Dessler conversou com eles normalmente. Naquela hora, chegou o médico chamado dias antes para dar o diagnóstico final sobre a enfermidade. O Rabino teve um forte ataque cardíaco em sua presença. Com a serenidade que lhe era característica, descreveu ao médico seu estado e acrescentou: ?Jamais senti tamanha dor em toda a minha vida?. Cerrou então os olhos e não voltou a falar.

Deixou um filho, o Rabino Nachum Dessler, Shelita, diretor do Centro de Estudos Religiosos de Cleveland, junto às instituições da Ieshivá de Telz. Sua filha casou-se com o Rabino Eliahu Iehoshua Shelita, fundador e diretor de uma escola de sucesso em Nova Iorque.

Que seus méritos os protejam e nos protejam!

O Legado para as Gerações Futuras

Um ano antes de sua partida, o Rabino Dessler começou a reunir seus artigos e ensaios para compilá-los em forma de livro mas, infelizmente. veio a falecer antes que pudesse completar seu projeto. A missão foi delegada a seus discípulos e, um ano após sua morte, foi publicado o primeiro volume de seus artigos, intitulado "Michtav me Eliahu", em honra ao versículo: "E foi que lhe trouxeram uma carta de Elias, o profeta" (2 Crônicas, 21:12), onde Rashi comenta: "Depois de ascender aos céus, recebeu esta carta".

Esse primeiro volume foi organizado e editado pelo Rabino Alter Halpern, Shelita, da Ieshivá Torát Emet, de Londres, e por quem escreve estas linhas. Em 5723, foram publicados o segundo e o terceiro volumes, editados pelo Rabino Chayim Friedlander, e por quem escreve estas linhas. Em 5743, após a morte do Rabino Friedlander, veio o quarto volume, editado por quem escreve estas linhas. A obra foi amplamente difundida e apreciada por estudantes de Torá e amantes do Mussár em todos os círculos judaicos do mundo, tendo sido parte dela traduzida para o inglês, o francês, o espanhol e o russo. Podemos dizer que o livro revolucionou o mundo do pensamento judaico, e que suas idéias e elaborações originais ecoam por todo esse universo.  

Sobre Este Livro

Como a obra foi compilada em um hebraico "rabínico", repleto de siglas e trechos do Talmud e Midrash, sem citação de fontes, vimos por bem escrever uma versão em hebraico moderno para facilitar a leitura por aqueles que não estão habituados ao primeiro formato. Em locais onde fez-se necessário, adicionamos uma pequena introdução, com a finalidade de apresentar ao leitor o ponto chave do artigo e atualizando exemplos e metáforas, de modo a se adequarem mais à nossa realidade.

Este livro inclui toda a Primeira Seção do primeiro volume, com a adição de alguns dos principais artigos da Segunda Seção, como o "Discurso Sobre o Arbítrio, primeira parte", que aqui figura como "A Essência da Escolha"; a série de artigos "O Milagre da Natureza"; e o "Discurso sobre Chéssed (Bondade), segunda parte", que aqui apresentamos como "O Papel Central da Bondade no Plano da Torá". Acrescentamos também o artigo "Livre-arbítrio e o Meio Social", da Terceira Seção.

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Vejo-me na feliz obrigação de expressar minha profunda gratidão ao Rabino Moshe Grylak, editor de "Conheça teu Judaísmo" e "Centelhas", primeiro rabino a dar início a esta missão e que me encorajou durante anos e concluí-la, assim como à Sra. Guila Schwartz de Rechovot (Israel) por sua excelente tradução e ao Sr. Isaac Recanati, de Jerusalém, pela impecável edição.

Jerusalém, Adar I, 5755.

Rabino Aryeh Carmell

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Avaliação dos Clientes

    • Explendido
    • 22 de janeiro de 2021
  • Carlos Calsior Candido
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