É sabido que o método da guimátria (cálculos numerológicos das palavras hebraicas) é uma das 32 formas de interpretação da Torá, como afirma Rabi Eliezer, filho de Rabi Yossi HaGlili, na Beraita de 32 Midot (no Talmud, após o Tratado de Berachot). Outros grandes comentaristas clássicos da Torá também são reconhecidos por usarem esse método, como Rabi Yaacov Baal HaTurim, Rabi Eliezer de Worms e Rabênu Efráyim ben Shimshon.
O método da guimátria é tão poderoso que às vezes é usado para tomar decisões haláchicas como, por exemplo, para decidir que o tempo mínimo do nazirato (voto de abstinência) é de 30 dias, pois está escrito em Bamidbar 6:5 "cadosh yihiê" ("Ele será um nazireu"), e o valor numérico de "yihiê" é 30.
A guimátria também tem papel importante na exegese da Torá. Por exemplo, consta nas Escrituras (Vayicrá 16:3): "Bezot yavó" ("Com isto entrará o cohên no Santuário"). O valor numérico da palavra "bezot" é 410, aludindo aos 410 anos que o Templo Sagrado de Jerusalém existiu até a sua destruição.
Fazemos uso da guimátria até na esfera dos costumes, conforme podemos encontrar, por exemplo, na explicação do grande mestre Arizal sobre a tradição de mergulhar o pão no sal três vezes, pois o Tetragrama (Nome de D'us cujo valor numérico é 26) multiplicado por três resulta em 78, que é o mesmo valor numérico de mélach (sal) e léchem (pão).
Sem dúvida, a ciência da guimátria desperta o leitor e estimula a sua vontade de obter mais conhecimento da Torá. Por isso, muito benéfica e valiosa é a obra do Sr. Osmar Lewinski, que com a ajuda do Todo-Poderoso conseguiu demonstrar e revelar vários exemplos únicos de guimatriót interessantes em total acordo com os comentários da Torá e do Talmud. Os estudiosos e leitores certamente perceberão nesses números que desvendam mistérios, que não há coincidências ou meros acidentes da natureza, mas tudo é ditado e dirigido pelo Grande Arquiteto do universo, o Criador, e a Torá é Sua obra.
Lembramos, porém, que a Ética dos Pais (3:18) chama a guimátria de "condimento". Qualquer tempero precisa ser adicionado a um alimento principal, que é o profundo estudo da Torá, tanto a Lei Escrita como a Lei Oral. Ninguém se alimenta apenas de condimentos. É imprescindível que se estude Torá, Talmud, Halachá (Lei Judaica), Midrashim e Chassidut de forma sistemática para lograr um conhecimento amplo. E este livro, "Coincidências Numéricas na Torá", com toda a certeza servirá de grande estímulo no despertar para esse estudo.
Y. David Weitman