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  • Em busca de Sefarad

Em busca de Sefarad

de Portugal a Pernambuco
Autor: Felipe Goifman
SKU: 11074
Páginas: 176
Avaliação geral:

O livro conta a história da vinda de judeus e cristãos-novos portugueses para Pernambuco no início do período colonial e a saga atual de seus descendentes para retornar ao judaísmo. Fala sobre a expulsão dos judeus da Espanha, sua posterior instalação em Portugal e a conversão obrigatória. A Inquisição, a vida no Brasil Colônia, etc...

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Descrição

O livro conta a história da vinda de judeus e cristãos-novos portugueses para Pernambuco no início do período colonial e a saga atual de seus descendentes para retornar ao judaísmo. Fala sobre a expulsão dos judeus da Espanha, sua posterior instalação em Portugal e a conversão obrigatória; a Inquisição, a vida no Brasil Colônia etc...

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Texto do livro "Em busca de Sefarad - de Portugal a Pernambuco"


A alma do frevo é a saudade, tão presente no fado e também nas canções e nas lembranças judaicas. Embalado pelos ecos que as melodias nordestinas trazem dessa mítica Sefarad, onde - sob um Islã até certo ponto tolerante - os féis das três religiões monoteístas viviam em liberdade na chamada época de ouro da Península Ibérica.

Segui os passos dos Bnei Anussim, os descendentes dos forçados pela Inquisição a se converter ao cristianismo. São pessoas que lutam para retornar ao judaísmo e se encontram em grande número no nordeste do Brasil. Para entender a força desse movimento, basta ir a Recife, Campina Grande ou Belo Jardim. Passar o shabat na Serra dos Ventos. Escutar, no agreste pernambucano, debates intermináveis sobre o pensamento de Maimônides, logo após as rezas matinais (Shacharit).

As histórias sobre a Inquisição, a expulsão dos judeus da Espanha e a conversão forçada em Portugal não são muito conhecidas em seus trágicos detalhes. Mesmo no Brasil, o horror do Holocausto acaba por encobrir o drama dos judeus portugueses, que somavam um quinto da população do país na época da descoberta.

Nos primeiros anos da colonização brasileira, Portugal não tinha olhos para a nova terra, interessado que estava nas Índias Orientais. Para cá, no entanto, vinham em grande número judeus e cristãos novos, em busca de liberdade e trabalho.

A presença de judeus na formação do Brasil é ininterrupta. Especula-se, por exemplo, que Pedro Álvares Cabral teria origem judaica, e há fatos que comprovam a identidade judaica de um dos capitães de suas naus, Gaspar de Lemos; os bandeirantes que abriam picadas pelas florestas para descobrir ouro e pedras preciosas no interior do país também dão provas dessa presença judaica constante. O primeiro arrendatário das novas terras, o cristão-novo Fernando de Noronha, trouxe consigo um grande número de correligionários para trabalhar com a árvore que deu nome ao nosso país: o pau-brasil.

Até o momento da verdadeira explosão populacional brasileira, que aconteceu durante a descoberta de ouro e diamante nas Minas Gerais, a cultura da cana-de-açúcar tinha sido a grande responsável pela fixação de gente na nova terra. A economia do açúcar se desenvolveu graças às relações familiares e comerciais entre a "Gente da Nação": os cristãos-novos judaizantes e os judeus portugueses, que, após recuperarem a liberdade na Holanda, se espalharam pelo nordeste do Brasil, estabelecendo-se principalmente em Pernambuco, para onde vieram em grande número durante a Recife holandesa (1630-1654), período em que Mauricio de Nassau governou por sete anos (1637-1644).

Em Portugal, os judeus que não escapavam para Amsterdã, Londres, Veneza, para o Maghreb, para o Império Otomano e outras terras, foram obrigados a se converter ao cristianismo.

Com a mistura entre cristãos-novos e cristãos-velhos, diz-se que todo português tem uma costela judaica. No Brasil, estima-se que mais de vinte milhões de pessoas tenham ancestralidade judaica, quase o dobro do número de judeus existentes hoje no mundo.

Imprensa

Felipe Goifman lança 'Em Busca de Sefarad: De Portugal a Pernambuco'
por Diogo Guedes

O jornalista mineiro Felipe Goifman sempre gostou de escrever sobre a formação cultural brasileira - e fotografá-la. Em paralelo, mantinha seu interesse pelas raízes judaicas no Brasi. Ao pesquisar e visitar o Recife e Pernambuco, o repórter encontrou um história rica, intimamente ligada com os judeus sefaraditas portugueses, a perseguição da inquisição, os cristãos novos e a busca por liberdade religiosa. Começava uma pesquisa que geraria o livro "Em Busca de Sefarad: De Portugal a Pernambuco", que vai ser lançado no Recife neste sábado (17/2), às 19h, na Synagoga Israelita-Recife, dentro do 2º Congresso Internacional de Antropologia da Religião.

Colaborador da prestigiada revista National Geographic, Felipe traz para o livro - o sétimo da sua carreira - a trajetória dos cristãos novos, contempladas especialmente por fotos impressionantes. Além de ir atrás da origem dos sefaraditas e falar da ocupação judaica em terras pernambucanas, a obra mostra o renascimento do interesse pela religião nos descendentes dos cristãos novos.

"Existe um fenômeno hoje: esses descendentes tomaram consciência do judaísmo deles e estão se convertendo. É algo muito concentrado no eixo Recife-Caruaru e João Pessoa-Campina Grande, mas até no alto Sertão isso acontece. Com a internet, é muito mais fácil aprender a cultura, a liturgia e a religião. A dedicação é impressionante: são praticamente autodidatas", comenta Felipe.

"Na maior parte das vezes, eles aprendem sozinhos o significado das palavras e das rezas hebraicas, com o auxílio da internet. Estudam a religião e a filosofia judaica com extrema força de vontade e uma entrega admirável. Constroem sinagogas, aprofundam-se no estudo da Torá e do Talmud. Leem Maimônides e Nachmânides. Sabem a diferença entre o pensamento de Rambam e Ramban. Têm uma vida judaica tão profunda e dedicada quanto muitos dos judeus "oficiais" dos grandes centros urbanos", escreve o autor.

O jornalista conta que, atualmente, quem conseguir provar que é um judeu sefaradita tem direito à cidadania portuguesa ou espanhola. Por isso, muitos judeus oficiais renegam os descendentes dos cristão novos que voltaram à religião várias gerações após a perseguição da inquisição. "Acho que é um fenômeno que mistura fé, tradição ancestral e uma tentativa de buscar outra vida", comenta.

Os resquícios da tradição judaica no cotidiano são poucos - afinal, são séculos de distância, com a proibição religiosa no meio. "A comunidade judaica do Recife é formada por pessoas que chegaram no século 20, vindas em maioria da Europa Central. Os descendentes dos cristão novos meio que enfrentam uma segunda inquisição, porque tentam voltar para o judaísmo, mas não são aceitos pelos judeus oficiais", aponta o repórter. "Na minha opinião, os descendentes de cristão novos têm um amor tão grande pela religião como qualquer outro judeu oficial."

"Em Busca de Sefarad: De Portugal a Pernambuco" traz ainda outros debates da história do judaísmo em Pernambuco. Fala, por exemplo, da pesquisa do inglês Christopher Sellars, que, baseado nos escritos do rabino Franco Lagarto, afirma que a primeira sinagoga das Américas não é a Kahal Zur Israel, no Bairro do Recife, mas a de Maguen Abraham. Como os textos são curtos, a parte mais impressionante da obra são as fotografias, que mostram as paisagens, as liturgias, os espaços e, principalmente, as pessoas que vivem a religião, com imagens feitas tanto em Pernambuco como em Portugal.

Além do livro, publicado com apoio da Lei Rouanet e com apoio do Centro de História e Cultura Judaica, Felipe prepara um documentário sobre o tema. Com mais de 50 horas de gravação, ele quer transformar a pesquisa em um longa. O cineasta Silvio Tendler vai fazer parte do projeto, que não deve se limitar a Pernambuco. A ideia é fazer uma séria de documentários sobre as comunidades judaicas do Brasil. "Seriam os judeus comunistas de Minas Gerais, os judeus marroquinos do Amazonas, as colônias agrícolas criadas por um Barão no Rio Grande do Sul e a comunidade do Rio de Janeiro e de São Paulo, a maior do País. Em cada uma, vamos levar um olhar diferente", garante. Agora, os dois procuram entrar nas leis de captação de recursos e ainda buscam parceria com canais brasileiros.


Avaliação dos Clientes

    • Excelente
    • 20 de julho de 2022
  • Ari Noronha
  • recomendo este produto
  • Minha identificação com esta obra é o registro da história dos meu pais hispânico-portugueses.