Prefácio
Foi com subida honra que recebi o convite para prefaciar esta magna obra do meu correligionário, conterrâneo (nascemos em Alenquer-PA), colega (somos médicos), deceados (fomos muito aguardados em nossos nascimentos no interior), enfim, mi gueno Yehuda Benguigui (HaShem Ishmerehu Vechaiehu), para quem poderia ainda completar todo o prefacio com magníficos adjetivos qualificativos. Em "A Haquitia: herança linguística dos judeus do norte do Marrocos", fazemos uma verdadeira viagem em nossa história secular nestas plagas amazônicas onde conservamos esta preciosa relíquia, a Haquitia, Baruch HaShem, voltando vibrantemente à nossa arena comunitária, graças à competência, amor, esmero, Kavaná inspiradora, pujante fervor de nossa herança histórica, demonstrada por este ilustre judeu amazônida, que honra suas origens em órgãos internacionais, OPAS/OMS e brilhante biografia. Faz-se mister ressaltar, como ele mesmo assim o escreve, o número expressivo de estudiosos que estão dando vida ao nosso linguajar tão querido, aprendido em nossas casas quando ainda menores.
Yehuda Benguigui nos mostra de maneira fácil, atraente e sutil todo o básico deste amado dialeto. Ao ler "A Haquitia: herança linguística dos judeus do norte do Marrocos", saboreamos avidamente suas páginas claras, lúcidas, didáticas, e então, não conseguimos parar de ler. Essa leitura, lembrando o saudoso mestre Leon Bengió Z'L, é feita "de um solo golpe", tão bem formuladas que foram suas páginas. Assim aconteceu comigo e, acredito, acontecerá com muitos dos leitores.
Entendo que seja importantíssimo, ao lado das técnicas que hoje nos são apresentadas, a ênfase a ser dada para a prática da Haquitia em nível familiar e comunitário, pois foi lá que aprendemos e conseguimos preservá-la nestes séculos. Sinceramente, passou um filme pela minha cabeça quando me lembro, tanto em casa quanto nos grupos juvenis, como hadreävamos para que los sachenim não entendessem nada da conversa. Muitos vão lembrar do saudoso "Senado" na Praça da República em Belém, ao lado do majestoso Teatro da Paz, onde a juventude judaica se reunia após as atividades do Grêmio Azul e Branco e/ou das Esnogas. A Haquitia nos tirava de alguns apuros e situações pitorescas ou embaraçosas.
Isaac Dahan
Chazan/Shaliach Tzibur da Comunidade de Manaus