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Cristãos-novos em São Paulo (séculos XVI-XIX)

assimilação e nobilitação
Autor: Marcelo Meira Amaral Bogaciovas
SKU: 14160
Páginas: 480
Avaliação geral:

Analisa o período da Inquisição em Portugal (1536-1821) e as marcas e vítimas que deixou em São Paulo. Ao contrário do que se pensa, houve, sim, Inquisição em São Paulo, inclusive com Visitação do Santo Ofício. Fizeram-se fintas (cobrança de impostos) exclusivas a cristãos-novos, registraram-se ondas de denúncia e caça aos judaizantes. Paulistas e parentes seus foram jogados aos porões da Inquisição.

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Descrição

Analisa o período da Inquisição em Portugal (1536-1821) e as marcas e vítimas que deixou em São Paulo. Ao contrário do que se pensa, houve, sim, Inquisição em São Paulo, inclusive com Visitação do Santo Ofício. Fizeram-se fintas (cobrança de impostos) exclusivas a cristãos-novos, registraram-se ondas de denúncia e caça aos judaizantes. Paulistas e parentes seus, tanto em São Paulo como em outras partes do Brasil ou de Portugal, foram jogados aos porões da Inquisição. Alguns acabaram executados ou levados à loucura por não compreenderem o ‘crime’ que tinham praticado, outros morreram por tortura ou por doenças adquiridas pelas condições insalubres dos cárceres.

Do prefácio:

Escrito em primeira pessoa – o que lhe dá encanto particular – o texto atual, ou seja, a tese com algumas pequenas modificações convida o leitor não só a conhecer o autor da pesquisa, mas com ele cria imediata empatia. Isso, pois o autor o conduz não só através de sua trajetória pessoal nas descobertas que o tema enseja, quanto nas interrogações que ele próprio se coloca: como se deu a assimilação dos cristãos-novos em território paulista nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX? O que aconteceu com os que ali se radicaram em um espaço delimitado? O que foi feito de seus descendentes e por que, o apagamento da memória cristã-nova? Foram perseguidos pelo fato de serem cristãos-novos? Não poderiam, como constava das Ordenações do Reino, ocupar cargos públicos ou servir altos postos das ordenanças? Estariam os cristãos-novos realmente alijados dos cargos da governança? Não teriam acesso às ordens religiosas, como preconizavam as instruções das ordens seculares e regulares? Assimilaram-se à sociedade paulista, e conseguiram ascender socialmente? E o que dizer sobre o preconceito antissemita?

O autor as responde com a maestria do historiador que conhece profundamente as fontes e os arquivos, com o talento do intérprete da bibliografia luso-brasileira a mais atualizada, com a paixão de quem sabe que a História do Brasil está à espera de ser decifrada. Seu belíssimo livro não somente discute os avanços sobre o tema da Inquisição no Brasil como demonstra, com indiscutível competência, a mobilidade social de cristãos-novos que mediante expedientes variados ascenderam na estrutura social. Em resumo, se tornaram “cristãos-velhos”. Mais. Para proteger a identidade mestiçada, comportavam-se com mais rigor e “antissemitismo” do que os autênticos cristãos-velhos. Quanto ao supostamente vigilante Tribunal da Inquisição, pouco importavam os fatos ou “quem era quem”. Mas a versão dos fatos.

Daí, Marcelo ter encontrado tantos cristãos-novos dentro do próprio aparelho repressivo na qualidade de familiares, comissários e até qualificadores do Santo Ofício. Tal mobilidade também se via na Corte portuguesa, pois tantos deles se tornaram servidores da Justiça, desembargadores, juízes, professores de universidades, padres, sacerdotes e religiosos, inclusive bispos, além de outros cargos significativos. Obra que já nasce clássica, Cristãos-Novos em São Paulo é leitura obrigatória e prazerosa para todos que se interessam pela história da Inquisição, de São Paulo e do Brasil. 

Índice e trechos

Prefácio

Introdução

Historiografia sobre cristãos-novos em São Paulo

Capítulo 1: Os Judeus, A Inquisição e os cristãos-novos em Portugal

1.1.  Panorama da vida dos judeus em Portugal, sua expulsão e a Inquisição  

1.2.  A criação de um novo indivíduo: o cristão-novo

1.3.  A formação de apelidos (sobrenomes) em cristãos-novos

1.4.  Atribuições do Tribunal do Santo Ofício e do Tribunal Eclesiástico   

1.5.  Composição do Tribunal do Santo Ofício e rotinas processuais

1.6.  Crônica de época sobre o procedimento do Santo Ofício nos cárceres    

1.7.  A viagem de prisioneiros do Brasil à Inquisição de Lisboa

1.8.  Fim da Inquisição em Portugal e em seus domínios

Capítulo 2: A gente paulista: assimilação dos cristãos-novos

2.1.  A formação da gente paulista

2.2.  Famílias paulistas cristãs-novas

1) Tristão Mendes

2) Sebastião de Freitas

3) Pedrosos de Vazes de Barros

4) Família Barreto, de Cabeço de Vide, Portugal

5) Família Cardoso de Negreiros

6) O lar de Raposo Tavares, em Beja

7) Família Rocha do Canto, de Santana de Parnaíba

8) Manuel Lobo Franco (também p. 320)

9) Família Pardo

10) Luís Gomes Pereira

11) Luís Fernandes Crato

12) Capitão Lucas de Mendonça

13) Tomé Mendes Raposo

14) Manuel José da Cunha

2.3.  Famílias paulistas com fama de cristãs-novas

1) A família Mota, de São Vicente

2) Família Fernandes

3) Famílias Taques e Proenças

4) José de Camargo

5) Um cristão-novo na procissão

6) Luís de Almeida

7) Maria Betim (primeira e segunda)

8) Bernardo de Quadros

9) Isabel João

10) Família Lopes

11) Antônio de Aveiro (Ilha de São Sebastião)

12) Francisco de Fontes

13) Família Fontes (vila de Iguape)

14) Dr. Jorge Fernandes da Fonseca

15) Gonçalo Simões Chassim

16) João Rodrigues da Fonseca

17) Furtados da vila de São Vicente

18) Padre Isidoro Pinto de Godoy

19) Inácio de Almeida Lara

20) Família Garcês e Gralha

21) Roque Soares Medela

2.4.  Posição dos cristãos-novos no período final da união das coroas ibéricas   

2.5.  Religiosos e Autoridades cristãos-novos

Capítulo 3: Padecendo no Paraíso: Cristãos-novos perseguidos pela Inquisição

3.1.  O comportamento do Paulista em relação à Inquisição

3.2.  Análise sumária da ação do Tribunal do Ofício no Brasil

3.3.  Primórdios da Inquisição e a rede inquisitorial no Brasil e em São Paulo  

3.4.  A cobrança da finta aos cristãos-novos em São Paulo

3.5.  Visitação do Santo Ofício a São Paulo

3.6.  Moradores em São Paulo presos pela Inquisição por judaísmo

Capítulo 4: Origens ocultas, nobrezas roubadas e ascensão social

4.1.  Nobrezas roubadas (provanças e nobilitações)

4.2.  O mito do paulista quatrocentão

Considerações finais

Fontes e Bibliografia

Lista de subscritores e de amigos 

Prefácio

Prefácio

Por Mary Del Priore

Assunto mobilizador, para não dizer, apaixonante, a história da Inquisição atrai centenas de pesquisadores, leitores e estudiosos. Seus aspectos complexos e sua atuação em diferentes partes da Europa e, sobretudo, no mundo colonial, instigam periodicamente novos estudos. Mas, nunca, tal matéria parece suficiente. A cada documento descoberto, relido, reinterpretado, são milhares de novas informações que vem a tona. São protagonistas da História, homens e mulheres, a revelar a ação de juízes que os perseguiam, convertiam ou discriminavam. São vozes que nos contam seus percursos sob a férula de um Tribunal incansável. E novas páginas de história se abrem para lermos a desconfiança, o controle sub-reptício que a presença da então chamada “raça hebreia” inspirava, sobretudo, frente ao poder esmagador da Igreja Católica.

A proteção para essa gente perseguida? A assimilação. Quem a praticou? Muitos que ganharam um novo status como atores históricos. Explico. Nos anos 60 do século XX, a historiografia adquiriu, graças às obras de Antonio José Saraiva e de seus discípulos, novas leituras sobre o processo de absorção entre as burguesias judia e cristã. Desse encontro nasceram os “cristãos-novos”. Estudos sobre tais grupos e as consequências de sua presença, da adesão a ela ou sobre sua identidade vêm se multiplicando. No Brasil, por exemplo, a curta ocupação holandesa, em Pernambuco, entre 1630 e 1654, deles deixou registro. Na Bahia, que inspirou estudos pioneiros, não faltaram hereges e judaizantes, vítimas da manipulação religiosa. Também na Paraíba, estudos revelam práticas de criptojudaísmo e sua contaminação por cristãos entre os séculos XVII e XVIII. Sinceridade das conversões, métodos empregados para mascarar a “Lei de Moisés”, casamentos inter-religiosos ou endogamia, mestiçagem nos rituais cotidianos de fé, práticas referentes ao “Grande Dia” – o Yom Kippur – entre outros, são temas que atraem mais e mais especialistas cujo objetivo é trazer os cristãos-novos à luz da História.

Entre tantos autores e especialistas se destaca Marcelo Meira Amaral Bogaciovas. Historiador talentoso e sensível, profundo conhecedor de genealogia, fundador e animador da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia, apaixonado pela história de São Paulo, Marcelo deu um passo importante ao reconstituir com detalhes o passado de cristãos-novos na então capitania e depois província. Originalmente apresentada como tese de mestrado, à Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras da Universidade de São Paulo, sob a orientação da Profa. Anita Novinsky, em 2006, sua excepcional pesquisa recebeu, então, o belo título de Tribulações do Povo de Israel na São Paulo Colonial. Sublinhe-se: uma homenagem à obra do escritor português Samuel Usque, Consolação às tribulações de Israel, que narrou o sofrimento e perseguições sofridas pelo povo judeu, publicado em 1553, em Ferrara, na Itália, em língua portuguesa. O livro servia para confortar os que sofriam a perseguição do Tribunal da Inquisição, em Portugal e Espanha.

Escrito em primeira pessoa – o que lhe dá encanto particular – o texto atual, ou seja, a tese com algumas pequenas modificações convida o leitor não só a conhecer o autor da pesquisa, mas com ele cria imediata empatia. Isso, pois Marcelo o conduz não só através de sua trajetória pessoal nas descobertas que o tema enseja, quanto nas interrogações que ele próprio se coloca: como se deu a assimilação dos cristãos-novos em território paulista nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX? O que aconteceu com os que ali se radicaram em um espaço delimitado? O que foi feito de seus descendentes e por que, o apagamento da memória cristã-nova? Foram perseguidos pelo fato de serem cristãos-novos? Não poderiam, como constava das Ordenações do Reino, ocupar cargos públicos ou servir altos postos das ordenanças? Estariam os cristãos-novos realmente alijados dos cargos da governança? Não teriam acesso às ordens religiosas, como preconizavam as instruções das ordens seculares e regulares? Assimilaram-se à sociedade paulista, e conseguiram ascender socialmente? E o que dizer sobre o preconceito anti-semita?

Preconceito? Sim. Afinal, quando na qualidade de genealogista, em palestras e conferências, Marcelo relatava descobertas de que algumas famílias paulistas tinham ascendência judaica, as reações negativas não se faziam esperar. Seus interlocutores tomavam essas notícias como um insulto à memória ancestral. Mas, ele o comprova: os cristãos-novos fizeram parte do cotidiano da vida dos paulistas desde o seu princípio. “Desde o início do povoamento, em 1532, quiçá antes, mas sem prova documental, o cristão-novo foi chegando a São Vicente, berço da nação paulista” - afirma.

Tantas perguntas... E seria possível respondê-las todas? Sim. E Marcelo o faz com a maestria do historiador que conhece profundamente as fontes e os arquivos, com o talento do intérprete da bibliografia luso-brasileira a mais atualizada, com a paixão de quem sabe que a História do Brasil está à espera de ser decifrada. Seu belíssimo livro não somente discute os avanços sobre o tema da Inquisição no Brasil como demonstra, com indiscutível competência, a mobilidade social de cristãos-novos que mediante expedientes variados ascenderam na estrutura social. Em resumo, se tornaram “cristãos-velhos”. Mais. Para proteger a identidade mestiçada, comportavam-se com mais rigor e “anti-semitismo” do que os autênticos cristãos-velhos. Quanto ao supostamente vigilante Tribunal da Inquisição, pouco importavam os fatos ou “quem era quem”. Mas a versão dos fatos.

Daí, Marcelo ter encontrado tantos cristãos-novos dentro do próprio aparelho repressivo na qualidade de familiares, comissários e até qualificadores do Santo Ofício. Tal mobilidade também se via na Corte portuguesa, pois tantos deles se tornaram servidores da Justiça, desembargadores, juízes, professores de universidades, padres, sacerdotes e religiosos, inclusive bispos, além de outros cargos significativos. Obra que já nasce clássica, Cristãos-Novos em São Paulo é leitura obrigatória e prazerosa para todos que se interessam pela história da Inquisição, de São Paulo e do Brasil. 

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