O objetivo da obra é contar de forma acessível a história de um dos maiores espiões de todos os tempos. Assim, o livro traz toda a trajetória de vida de Eli Cohen, desde a infância até a espionagem, com notícias recentes sobre o seu caso e algumas controvérsias sobre sua atuação.
Nascido no Egito em 1924, ele era filho de uma família síria praticante do judaísmo ortodoxo. Dotado de inteligência e memória inacreditáveis, logo cedo criou um grande interesse por fotografia, habilidade que mais tarde lhe seria fundamental. Na juventude, envolveu-se com movimentos políticos e foi convidado a se tornar espião da Haganá - organização paramilitar judaica que deu origem às Forças de Defesa de Israel - para ajudar a contrabandear judeus para a Palestina e obter informações sobre os planos britânicos para a região. Foi assim que o jovem egípcio começou sua carreira na espionagem.
Com a fundação do Estado de Israel e a vitória sobre os países árabes na Guerra de Independência, as retaliações egípcias sobre os judeus foram ficando cada vez mais pesadas. Cohen, assim como toda a comunidade judaica, foi expulso do Egito. Em Israel, ele fez serviços para o Ministério da Defesa e conheceu sua esposa Nádia, com quem teve três filhos.
Apesar de suas qualidades, ficou conhecido por assumir riscos de forma desnecessária, além de ser considerado muito vaidoso, chegando a ser rejeitado duas vezes pelo Mossad. No entanto, meses depois, sua entrada foi reconsiderada, pois Eli tinha o perfil ideal para atuar no exterior.
No início dos anos 1960, após uma série de treinamentos, ele foi para a Argentina e assumiu a identidade de Kamel Amin Sabet - empresário nascido no Líbano, filho de pais sírios -, passou a frequentar os locais da comunidade síria e logo reuniu uma série de "amigos" que seriam fundamentais para a realização de sua verdadeira missão na Síria.
Simpático, falador e conquistador, Sabet fez sucesso entre os sírios, realizando grandes jantares. Com essa personalidade expansiva, tornou-se amigo de pessoas influentes. Graças aos contatos que fez, conseguiu cartas de recomendação que abriram as portas para sua verdadeira missão.
Instalado em um apartamento em frente ao quartel-general do exército sírio e dotado de uma série de equipamentos, Eli comunicava tudo o que se passava para o governo israelense, principalmente por meio de transmissões de rádio. Entre seus maiores "amigos" estava o tenente Maazi El-Din, sobrinho do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Síria. A confiança depositada no jovem Amin Sabet era tanta que ele chegou a ler documentos oficiais com a permissão dessas autoridades, que também comentavam informações sigilosas de forma aberta nos jantares realizados no apartamento do espião.
Aos poucos, infelizmente, Cohen foi se tornando confiante de mais e passou a ser menos cuidadoso, o que culminaria no fim de sua missão. De toda forma, o espião ficou conhecido como um dos grandes heróis da história israelense. Para os árabes, sua captura é lembrada como uma grande vitória, embora ele tenha conseguido enganar durante anos a mais alta sociedade síria.