Prefácio
Muito já foi escrito sobre a inquisição e o modo indescritivelmente cruel que ela usava para tentar converter os judeus ao cristianismo. Não era nada fácil resistir a esta "fabrica de tortura e morte". Muitos se recusaram e sucumbiram. Outros não resistiram e se converteram. E muitos outros foram batizados a força ou sob ameaça de morte, porém mantiveram a prática judaica secretamente, sendo chamados de cristãos-novos (ou criptojudeus; anussim em hebraico). O termo "marrano", geralmente usado para designar cristãos-novos, não é nada elogioso para os judeus, já que significa "porco" em espanhol. Esse batismo, aceito como escape da vingança popular, permitia que as prerrogativas e as profissões lucrativas.
Mas não foi a inquisição que inaugurou esse comportamento de perseguição cruel. Ela já havia ocorrido antes na história, embora em escala menor: na própria Espanha, no século VII; na época dos cruzados, no século XII, quando muitas comunidades do mediterrâneo a aceitar o Islã como sua religião e Maomé como seu profeta sob pena de morte.
O denominador comum em todas essas histórias de perseguições é que não se consegue apagar o judaísmo de forma intrínseca, e o judaísmo é um legado Divino, sinônimo de eterno, fica o judeu eternamente ligado a esses ensinamentos e não consegue se separar deles.
A narrativa de "Dom Carlos de Lisboa", um romance baseado em fatos históricos, prenderá a atenção do leitor até última página, colocando-o em contato com toda essa luta de fé, determinação e confiança no Todo-Poderoso desses mártires que preferiram passar pelas mais horrendas torturas nos calabouços da Inquisição a ter que abandonar o D'us de Israel.
Como já dizia o grande mestre Rabi Yossef Yitschac Schneersohn, o sexto Rebe de Lubavitch (no seu famoso Maamar Bati Legani): "Todo judeu, por sua própria natureza, não quer de forma alguma, e nem consegue, se separar de D'us.