Sequestrado num subúrbio de Buenos Aieres por um comando israelense, Adolf Eichmann é levado para Jerusalém, para o que deveria ser o maior julgamento de um carrasco nazista depois do Tribunal de Nuremberg.
Mas o curso do processo produz um efeito discrepante: no lugar do monstro impenitente por que todos esperavam, vê-se um funcionário mediano, um arrivista medíocre, incapaz de refletir sobre seus atos ou de fugir aos clichês burocraticos.
É justamente aí que o olhar lúcido de Hannah Arendt descobre o coração das trevas, a ameaça maior às sociedades democraticas: a confluência de capacidade destrutiva e burocratização da vida pública, expressa no famoso conceito de banalidade do mal .
Numa mescla brilhante de jornalismo político e reflexão filosófica, Arendt toca em todos os temas que vêm à baila sempre que um novo martírio vem abalar os lugares-comuns da política e da diplomacia.