De Cristo aos Judeus da Corte é o primeiro dos quatro volumes da série História do Antissemitismo, de Léon Poliakov. A obra consiste num amplo panorama do relacionamento judeu-cristão, que vai desde o contexto de vida do judeu na Antiguidade até sua convivência com o Outro na modernidade. Destacando os elementos que foram responsáveis pelo desenvolvimento e consolidação do antissemitismo, principalmente em terras europeias, o estudo passa pelo período medieval, em que cristianismo e judaísmo conviveram em paz até o desencadeamento das Cruzadas, que culminaram nas perseguições religiosas; e segue para os períodos em que judeus eram tolerados, porém excluídos em guetos e vistos como sujeitos estranhos à sociedade, resultando nos preconceitos mais recentes de ordem sociocultural.
Segundo volume da História do Antissemitismo, De Maomé aos Marranos oferece um retrato da origem das colônias judaicas estabelecidas na Babilônia, África do Norte e Espanha. Enfatizando o impacto das perseguições antissemitas da Inquisição espanhola, depois da Reconquista - num país onde os judeus haviam se fixado com mais facilidade devido à tolerância islâmica ao judaísmo naqueles tempos -, esta manifestação de anti-semitismo pode ser encarada como precursora do holocausto e da diáspora marrana.
O terceiro volume de História do Antissemitismo abrange o período entre 1700 e 1870, no qual se desenvolveu o antissemitismo moderno. Sua análise parte das manifestações preconceituosas de alguns iluministas, principalmente Voltaire, e vai até a teoria do arianismo - em especial o caso Wagner -, desenvolvida com base no culto à própria raça e também numa reação à ascensão dos judeus na Europa em decorrência da emancipação concedida por Napoleão.
O quarto e último volume da História do Antissemitismo é um estudo da mitologia antissemítica, que culminou no Holocausto e acabou por resultar em danos irreparáveis não só para os judeus, como para a própria Europa, que não soube lidar com o êxito e o crescimento judaico no século XIX, após sua emancipação. Tendo como pano de fundo uma era de perigosas justificativas cientificistas e de maior propagação da informação devido aos meios de comunicação de massa, criou-se o mito de uma tentativa de domínio do mundo cristão pelos judeus - o que ganhou corpo num contexto de grande dificuldade e insegurança enfrentadas pelos europeus no início do século XX.