O diário que Anne Frank escreveu durante a Segunda Guerra, enquanto se escondia com a família da perseguição nazista, ficou mundialmente famoso e continua encantando gerações de leitores. Mas será que o texto foi a manifestação espontânea de uma adolescente vivendo uma situação especial?
A crítica e ensaísta Francine Prose defende que não: o diário é uma obra de arte, um texto literário pensado e planejado. Os originais comprovam que Anne escreveu pensando em seus futuros leitores, reescrevendo e editando inúmeras passagens. Ela se via como uma escritora ? e era de fato talentosa, como se vê por sua habilidosa construção de diálogos e personagens, seu olho para os detalhes, seu domínio do ritmo da narrativa. Além de fazer uma análise literária da obra, Prose conta a trajetória de Anne e sua família, chamando a atenção para detalhes em geral ignorados. E reflete sobre as
discussões e produtos gerados a partir do livro: o Museu Anne Frank, a peça de teatro e o filme realizados a partir do Diário, as teorias que negam a autenticidade da obra, além da adoção do livro em escolas e o uso feito por professores em sala de aula. Preciso e emocionante, essa obra de Prose nos reaproxima de um clássico que certamente tem lugar especial na emória de muitos leitores.