Korczak, herói humanitário e devotado à causa da infância, viveu no contexto do antissemitismo e estruturou para as crianças abandonadas um lar, em forma de uma República das Crianças.
Durante a Segunda Guerra Mundial, seu orfanato foi transferido para o Gueto de Varsóvia. Em 1942, seus duzentos órfãos foram levados para o campo de concentração de Treblinka. Korczak não os abandonou e partiu com eles em sua última marcha. Resgatar a vida e as ideias do médico e educador judeu-polonês Janusz Korczak (1878-1942) a partir do testemunho de alguns de seus discípulos e de um educador é a proposta deste livro pesquisado e escrito por Ana Szpiczkowski, Profa Dra do Departamento de Estudos Orientais da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
Para apreender a importância do trabalho deste educador, a autora de “Os órfãos de Korczak: vivências de uma educação transformadora” apresenta os diferentes olhares sobre a infância no decorrer dos tempos, seguidos da concepção korczakiana, que se preocupa em oferecer às crianças uma educação que desenvolva suas capacidades criadoras. Além da riqueza da documentação fotográfica da época, o leitor entra em contato com a vasta produção escrita de Korczak, que registrou suas vivências e percepções acerca do universo infantil e de sua relação com o mundo adulto. A grande preciosidade desta obra é a possibilidade de encontrar algumas provas vivas do legado de Korczak: o depoimento de cinco ex-alunos e de um antigo educador do Orfanato que sobreviveram ao Holocausto. Os seus relatos pessoais aproximam o leitor da história conhecida por meio dos livros, sobre os ideais e realizações de Korczak. Suas revelações superam as simples histórias de vida e levam ao entendimento do quanto a educação, que receberam no Orfanato, e a convivência com Korczak marcaram suas vidas.